Um Brasil distópico em um tempo indeterminado. Uma sociedade altamente controlada, militarizada e segregada. A exploração do trabalho atinge níveis inimagináveis e a hipermedicalização culminou no consumo obrigatório do “remédio da felicidade”, droga do controle da satisfação e da manutenção do poder. Apesar do suicídio ser criminalizado, cada vez mais jovens tiram a própria vida. Esse é o panorama político e social de Mau Lugar, nova montagem do Coletivo de Galochas, que entra em cartaz em 13 de setembro, quinta-feira, às 21h, no espaço cênico do Teatro da USP e do Centro Universitário Maria Antonia. A peça segue de quinta a sábado, 21h, e domingo, 19h. (R$20/R$10).
Se o direito à melancolia é negado, como compreender o suicídio? Seria um ato de desespero, de desobediência, de recusa? Normalmente se considera o suicídio algo pessoal e de foro íntimo. Mas e se ele se torna um gesto coletivo, cometido por parcelas significativas da população? Dentro dessa distopia, o suicídio assume diversas faces: desde o cansaço por carregar o fardo humano até a resistência em aceitar a regulação e o controle sobre os corpos. Neste Mau Lugar (tradução literal da palavra “distopia”), o ato de tirar a própria vida é também uma metáfora para um tempo em que a política parece levar a becos sem saída. Em vez de preparadas para algum inimigo, real ou imaginário, as trincheiras que armamos servem para nos assegurar de certezas ainda por cristalizar.
Do Monólogo ao Diálogo: Falando sobre Suicídio
Em todos os domingos da temporada (16, 23 e 30.09), após a encenação, um convidado faz uma reflexão sobre os temas e questões suscitados pela peça. As conversas tem duração prevista de 30 a 45 minutos. Ao final das atividades, o público poderá contribuir com um registro das impressões provocadas pela peça e pelo debate.
Sobre o Coletivo
O Coletivo de Galochas é um grupo de teatro da cidade de São Paulo criado em 2010 para pesquisar formas de atuação político-poéticas. Seus oito anos de trajetória continuada foram realizados ao lado de movimentos, grupos parceiros, ocupações e comunidades, fazendo da experiência do teatro um gesto de vida e luta. O histórico do grupo conta com quatro diferentes montagens, sendo três delas autorais: Piratas de Galochas, Revolução das Galochas e Cantos de Refúgio, peças que se desdobraram em inúmeras experiências teatrais e ocuparam os mais diferentes espaços. Mau Lugar é o mais novo espetáculo autoral do Coletivo de Galochas. Todas as dramaturgias das montagens estão no livro Coletivo de Galochas: Dramaturgia Completa, que pode ser baixado gratuitamente no site do grupo.
Direção: Daniel Lopes Elenco: Diego Henrique, Kleber Palmeira, Mariana Queiroz, Rafael Presto, Roanne Aragão, Wendy Villalobos Dramaturgia: Antonio Herci, Jéssica Paes, Rafael Presto Direção Musical e Sonoplastia: Antonio Herci Iluminação: Mariana Queiroz, Rafael Presto, Rodrigo Oliveira Cenografia e Bonecos: Daniel Lopes, Diego Henrique, Kleber Palmeira Figurinos: Mariana Queiroz, Roanne Aragão Músicos: Antonio Herci (piano preparado), Ricardo Stuani (percussão) Preparação Corporal: Gabriela Segato Danças Urbanas: Andrezinho Comunicação: Antonio Herci, Wendy Villalobos Imagens: Leonardo Fernandes
Estreia: MAU LUGAR | 13 a 30 de setembro | qui-sáb, 21h; dom, 19h
80 minutos | R$20/R$10 | 16 anos | 72 lugares | A bilheteria abre 2 horas antes do início da sessão.
TUSP | CEUMA | Sala Multiúso | R. Maria Antônia, 294 | Vila Buarque