Em julho de 2023 o TUSP recebe o espetáculo O Avesso da Pele, adaptação do livro de Jeferson Tenório vencedor do Prêmio Jabuti em 2021 na categoria Romance Literário. A peça estreou em março no Sesc Avenida Paulista, circulando em outras unidades do Sesc e apresentando-se também no Galpão do Folias. Foi idealizada pelo Coletivo Ocutá, sob a direção de Beatriz Barros e com Alexandre Ammano, Bruno Rocha, Marcos Oli e Vitor Britto no elenco. Ingressos já no Sympla: sympla.com.br/produtor/oavessodapele
O Avesso da Pele se passa em Porto Alegre, nos anos de 1980, e conta a história de Pedro, filho de um professor de literatura assassinado em uma desastrosa abordagem policial. Após o episódio, ele inicia uma investigação sobre suas origens, o passado de sua família e a trajetória do pai, Henrique. Constrói assim uma jornada que elucida não só questões de paternidade preta em um país marcado pelo racismo, mas também os caminhos que levam ao afeto e à redenção. Com escrita potente e corajosa, Jeferson Tenório marca com esta obra um lugar na literatura brasileira contemporânea.
”O Avesso da Pele não é um livro sobre racismo e também não é um livro sobre violência policial. Ele é antes de tudo uma reivindicação afetiva, que vai restituir a subjetividade perdida ou retirada em função do racismo e da violência. A questão central do livro é discutir as coisas que se perdem quando o Estado e a polícia agem dessa forma” (Jeferson Tenório, em entrevista ao Nexo)
Em 2020, os atores Vitor Britto, Marcos Oli, Bruno Rocha e Alexandre Ammano tiveram contato com o livro e convidaram a socióloga, atriz e diretora Beatriz Barros para dirigir a montagem e trazer um olhar feminino, atento à cena teatral atual e às questões socioantropológicas que atravessam a narrativa. O elenco, composto por quatro atores negros com menos de 30 anos, se reconheceu na trama como representantes das experiências ali descritas. Isso os aproximou da obra e do autor, Jeferson Tenório, que desde o início deu o aval para a montagem.
Em cena, os quatro atores se alternam entre os personagens, em um movimento em que todos serão pai e filho em algum momento. O cenário é o apartamento de Henrique, no qual Pedro, após o assassinato, observa os objetos ali presentes e os utiliza como ponto de partida na recuperação da história de seu pai. O que está em jogo é a vida de um homem abalado psicologicamente pelas inevitáveis fraturas existenciais da sua condição de um homem negro em um país racista.
“É necessário preservar o avesso, você me disse. Preservar aquilo que ninguém vê. Porque não demora muito e a cor da pele atravessa nosso corpo e determina o nosso modo de estar no mundo. E por mais que sua vida seja medida pela cor, por mais que suas atitudes de modos de viver estejam sob esse domínio, você, de alguma forma, tem de preservar algo que não se encaixa nisso, entende? Pois entre músculos, órgãos e veias existe um lugar só seu, isolado e único. E é nesse lugar que estão os afetos. E são esses afetos que nos mantêm vivos.” (trecho do livro)
Ficha Técnica
Realização Coletivo Ocutá | Direção Beatriz Barros | Assistência de direção Vitor Britto | Elenco Alexandre Ammano, Bruno Rocha, Marcos Oli e Vitor Britto | Dramaturgia Beatriz Barros e Vitor Britto | Direção musical Felipe Oládélè | Preparação corporal e direção de movimento Castilho | Preparação vocal Malú Lomando | Concepção e criação do desenho de Luz Gabriele Souza | Figurino Naya Violeta | Cenografia Wanderlei Wagner | Operação de luz Benedito Beatriz | Operação de som Dj Akinn | Direção de produção Jennifer Souza | Produção Corpo Rastreado | Gabs Ambròzia | Fotografia Helbert Rodrigues | Filmagem Matheus Brant e Gabriela Miranda | Inspirado em O Avesso da Pele, de Jeferson Tenório
Beatriz Barros é atriz, diretora teatral, dramaturga e educadora. Graduada em ciências sociais pela FFLCH-USP e formada em música de câmara pela Escola de Música do Estado de São Paulo. Em 2018, integrou a 17ª turma do Núcleo Experimental de Artes Cênicas do SESI. Foi indicada em 2015 ao Prêmio Shell de Teatro na Categoria Inovação com o grupo que fundou, o Pequeno Teatro de Torneado. Em 2018 ganhou, com a CIA. MAR sua atual companhia, o prêmio São Paulo de Incentivo ao Teatro Infantil e Jovem na categoria Revelação. Em 2022 a CIA.MAR foi contemplada pelo Prêmio Zé Renato na categoria montagem de espetáculo Infantil, com o espetáculo “A Futura Rainha”.
Alexandre Ammano, 25 anos, é ator, fotógrafo e apresentador. Iniciou carreira artística no teatro amador em 2015, formou-se em artes cênicas em 2019. Fez diversas oficinas de interpretação para cinema e TV, com Luiz Mario Vicente, Adriana Pires, Denise Weinberg e Fernando Leal. Preparação para atuação com Sébastien Brottet-Michel do Théâtre du Soleil, The Lucid Body com Thiago Félix do Studio Stella Adler NY, Improviso com Pedro Cardoso, e vivência teatral com Chico Carvalho (cia. do bife). Trabalhou como assistente de direção de Elias Andreato e Paulo Emilio Lisboa. Fez parte do elenco da peça “2 Palitos ou (a Fantástica Insensatez da Existência)” de Luccas Papp, “De furdunço à Cafundó”, de Raphael Gama, com direção Zé Gui Bueno. No cinema, participou de longas como “Compro Likes” e “Música para Morrer de Amor”. Participou também da 2ª temporada de “A Vida Secreta dos Casais”, “Vale dos Esquecidos” e “No Mundo da Luna” na HBO, e “Crimes.com” da Discovery Channel. Em 2022 integrou o elenco do longa “Os Estudantes”, de Vera Egito.
Bruno Rocha tem formação técnica de atuação no Teatro Escola Macunaíma (2014) e bacharelado em comunicação social – rádio, TV e internet (2018), pela Univ. Anhembi Morumbi. Participou de peças como “S.Ó.S.” criação coletiva baseada em obras de Nelson Rodrigues; e “Quando não se diz nada”, baseada em “Primeiras Estórias”, de Guimarães Rosa (2014). Participou do espetáculo resultado de uma oficina ministrada por Rodolfo Amorim, do Grupo XIX de teatro, “Invenção do Eu” (2017). Atuou em obras audiovisuais como “Treze Dias Longe Do Sol”, série da Rede Globo (2015); “3%”, série da Netflix (2016); e o longa “7 Prisioneiros”, Netflix (2021).
Marcos Oli, 26 anos, paulist, tem formação técnica em teatro musical pelo Sesi-SP. Apresentou o programa “Plantão do Tas” durante quatro anos no Cartoon Network. No audiovisual, esteve nos filmes “Antes que seja Tarde”, “Preto no Branco”, “Verão Fantasma”, “13 Sentimentos”. Atualmente está na série “As Five”, Globoplay, no programa “Papo de segunda” na GNT, e acaba de retornar ao Brasil após integrar o elenco do musical “El Tina Turner” em Madri. Como influencer e roteirista assinou esquetes de humor para GQ Brasil, GQ Brasil especial de humor, Canal Felipe Neto no YouTube, “Quadro Negro” e “Saia justa”, na GNT com a “Blogueirinha do Fim do Mundo”.
Vitor Britto iniciou sua trajetória no teatro aos 13 anos. Sua formação passa pelo Teatro O Tablado, artes cênicas na UNIRIO (Universidade Federal do Estado do Rio De Janeiro) e na 4ª oficina de atores da Fundação CesgranRio. Na televisão, viveu o personagem Jeferson em “As aventuras de Poliana” e “Poliana moça”, e em 2023 estreia o filme “O faixa preta” na HBO MAX.
O AVESSO DA PELE | Coletivo Ocutá
Quando: 30 de junho a 23 de julho | Sex. e Sáb., 20h | Dom., 19h
Classificação etária: 14 anos
Duração: 90 minutos.
Capacidade: 96 lugares.
Ingressos: $40 inteira e $20 meia. Ingressos disponíveis online no Sympla e na bilheteria 1h antes de cada sessão.
Onde: Teatro da Universidade de São Paulo (TUSP) | R. Maria Antonia, 294 | V. Buarque