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Em agosto, o TUSP Butantã recebe o espetáculo Um homem chamado José para uma curta série de apresentações gratuitas entre 08 e 11 de agosto – finalizando emblematicamente no Dia dos Pais!

Um homem chamado José apresenta uma leitura original da figura bíblica de José, que se mostra inesperadamente contemporânea ao se revelar não-alinhada aos padrões de seu tempo, abrindo caminhos para uma nova masculinidade.

Criação cênica centrada no tema da paternidade, ela nasce do interesse do artista-investigador Otacílio Alacran – também agente cultural do TUSP – por um teatro no qual a ação do ator esteja no centro da construção de significados da cena. Através de uma cena sintética, a peça aponta aspectos da dimensão simbólica do imaginário transcultural humano, em especial as ressonâncias do patriarcalismo (“a regra do pai”) junto à sociedade contemporânea.

Mesa da Palavra
“A palavra de um José, um carpinteiro, que adotou um filho – a despeito da conversa de que o menino era prova da safadeza de sua esposa (Maria). José se muda de cidade, para ter paz com a família, a família cresce. José zela pelos filhos, mas o mais velho, rebelde, entra em atrito constante com a família. José confronta o primogênito e o garoto foge de casa. Durante um tempo, tudo que tem do filho são notícias vagas, de que ele estaria envolvido em confrontos com muita gente poderosa, embora não fosse rico nem tivesse instrução nem cargo político, nada assim. A coisa vira quando a família é informada de que o garoto foi preso e que morrera na prisão. José vai com a esposa recuperar o corpo do garoto, mas não é possível. Para todos os efeitos, o garoto teria desaparecido. Testemunhas dão conta de que o garoto teria morrido sob tortura, atado a um poste de madeira, e que, na hora da morte, teria chamado pelo pai (perguntando porque o pai o abandonara). José pega então o poste e o leva para casa. Ele acredita que a madeira é o que resta de mais próximo ao corpo do filho. José quer usar a madeira para construir alguma coisa, mas não sabe o quê. Eventualmente, o filho vem a ele, em sonho, e lhe diz o que fazer: ele deve perguntar ao público que destino dar à madeira.” (fragmento nuclear do roteiro inicial de Marcos Barbosa)

Histórico
Inicialmente inspirados pelo 150º aniversário da declaração de São José como padroeiro universal da Igreja Católica e pela carta apostólica Patris Corde do Papa Francisco, foi realizada uma live-espetáculo em parceria com a Paróquia Nossa Senhora Aparecida, Cocaia, na Diocese de Guarulhos, São Paulo. Com participação ativa durante a encenação do Padre Jair Costa e apoio das demais pastorais e comunidade, em 25 de dezembro de 2020 foi apresentado ao vivo o experimento cênico remoto, diretamente da sede da paróquia.

Junto ao AIAS do Brasil, o atual projeto une uma dramaturgia inédita de Marcos Barbosa, a direção de Marcos Azevedo, música de Fábio Cintra, preparação corporal de Élder Sereni, e idealização e atuação de Otacílio Alacran. O trabalho finalizou o 26º Ciclo do Programa TUSP de Leituras Públicas PAI BRASIL? com duas leituras dramáticas gratuitas no fim de dezembro de 2023, na Sala Experimental do TUSP, e em 5 de fevereiro de 2024, seguiu para Fortaleza – CE a convite da Escola Porto Iracema das Artes, da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult), para nova partilha por meio do Ateliê Aberto de Dramaturgia, vinculado aos Programas de Formação Básica de Artes Cênicas e Audiovisual da Escola. A Oficina Figueira do Cambuci convida o coletivo, em 19 de março, para nova experiência de leitura na celebração ao dia de São José, cuja apresentação gerou a primeira crítica, pelo site DeusAteu de Márcio Tito.

A estreia nacional do espetáculo e lançamento do livro-base da montagem, Um evangelho de José, de Marcos Barbosa, marcaram o encerramento do XV Festival de Teatro de Fortaleza, em 21 de junho, no Teatro São José, numa realização da Secretaria Municipal da Cultura de Fortaleza (Secultfor), em parceria com o Teatro Novo.

Ficha Técnica
Atuação: Otacílio Alacran / Dramaturgia: Marcos Barbosa / Direção: Marcos Azevedo / Música: Fábio Cintra / Preparação corporal: Élder Sereni / Filmmakers: André Gréjio e Sérgio Freitas / Fotos: André Gréjio, Micaela Menezes, Nérido Martins / Artes: Nicole Gaspere, Ana Simão e Rafael Cristiano / Técnico teatral: Marcelo Amaral / Iluminação: Domingos Quintiliano / Produtora associada: Iza Marie Miceli / Apoio: Oficina Figueira do Cambuci e Teatro da USP – TUSP / Realização: AIAS do Brasil

 

Artistas

Marcos Barbosa, atuou em seu trabalho com dramaturgia para o teatro junto a companhias como CELCIT (Argentina), Teatro D’Dos (Cuba), Lorraine Hansberry Theatre (EUA), Royal Court Theatre e Young Vic Theatre (Inglaterra) e tem cerca de quinze textos com diversas encenações no Brasil. Barbosa publicou Um Evangelho de José pela editora da Escola Superior de Artes Célia Helena, onde atua como professor e pesquisador.

Marcos Azevedo é ator, diretor e dramaturgo. Cursou a Escola de Arte Dramática – EAD (ECA/USP). Seu solo “Caliban” estreou no Edimburgh Festival/Escócia e fez temporada em Londres.  Integrou a Cia de Ópera Seca de Gerald Thomas, onde atuou por uma década, viajando para Portugal e Croácia. É autor de “A Verdade Relativa da  Coisa em Si” – Prêmio Funarte de Dramaturgia (com Beto Matos). Dirigiu várias peças com foco no ator e na performatividade.  Junto ao Coletivo Phila7 há 15 anos, destaca-se “Play on Earth”, com grupos de Singapura e Inglaterra. Recentemente atuou em “Murder Mistery” e em “O Camareiro”, onde foi ator indicado ao  8º Prêmio Bibi Ferreira.

Fábio Cintra é compositor, diretor musical, regente e educador musical. É professor dos departamentos de Música e de Artes Cênicas da ECA-USP, onde desenvolve pesquisa prática e teórica na interseção entre performance, improvisação e criação sonora contemporânea para as artes da cena. No teatro, fez a direção musical e a música original de espetáculos de Carlos Alberto Sofredini, Ulysses Cruz, Gabriel Vilela, Bia Szvat, entre muitos outros, no Brasil e no exterior.

Élder Sereni é pesquisador do movimento, desenvolvendo processos criativos orientados a partir da corporeidade e dos vetores de atravessamento que compõe a vida. Apresentou como bailarino, diretor de movimento e preparador corporal no Brasil, Uruguai, Itália e Bélgica. Na área acadêmica é doutor em  Pedagogia das Artes Cênicas (Unesp); coordenador de curso Teatro (Etec de Artes); coordenador de projeto de Cultura e Arte (CPS) e docente em Teatro e Dança.

Iza Marie Miceli atua na área de planejamento, criação e formatação de projetos, e é especializada no acompanhamento de processos burocráticos das Leis de Incentivo à Cultura. Esteve/está à frente das produções “Ana Marginal – um navio ancorado no espaço”, direção Nelson Baskerville. “As Histórias Vistas de Baixo”, Coletiva Teatral Rainha Kong. “Da Instabilidade aos Sonhos”, Coletivo 28 Patas Furiosas. “Garotas Mortas”, Coletiva Palabreria. “O Lá é Aqui”, direção Angela Ribeiro. “O que restou do barro silenciou a mulher”, direção Eliana Monteiro. Participou de projetos com a Cia. Livre, Teatro da Vertigem, Casa Laboratório para as Artes do Teatro, Mundana Cia. e Terça Insana.

Otacílio Alacran é artista-investigador, ator e agente cultural no TUSP desde 2006. Integra a primeira turma do Curso Princípios Básicos de Teatro do TJA (1991). Conclui o Colégio de Direção Teatral do Instituto Dragão do Mar de Arte e Cultura. Em 2005, por Quem Dará o Veredicto? é premiado como Melhor Ator e Melhor Espetáculo Júri Popular no XII Festival Nordestino de Teatro de Guaramiranga. Compôs o corpo discente do I Diplomado Internacional en Creación-Investigación Escénica sob coordenação de Jorge Dubatti (UBA) e Didanwy Kent (UNAM) culminando no experimento fílmico Portunhol. Atua em O Abajur Lilás e Navalha na Carne sob a direção de Marco Antônio Braz, Co-dirige o espetáculo La Pasión em la Materia, de Alberto Villarreal (coprodução México-Brasil). Concebeu os solos: Porque os Teatros Estão Vazios, de Karl Valentin, Os Males do Tabaco e Strindberg, voz e violão. Como integrante da Cia. Pau D’arco de Teatro atua em duas produções franco-brasileiras: Sonhos & Songes e Peça para quem não veio, de Maria Shu. Atua no espetáculo EDIFÍCIO com dramaturgia e direção de Lucas Mayor e Marcos Gomes, além de dirigir e atuar no espetáculo Faraó Tropical, contemplado pela 8ª Mostra de Dramaturgia em Pequenos Formatos Cênicos do CCSP (2022).

Um Homem Chamado José | 08 a 11 de agosto de 2024 | Quinta a sábado, 20h; domingo, 18h | TUSP Butantã | R. do Anfiteatro, 109 – Cidade Universitária (acesso pela lateral direita do prédio, ao lado do bloco C)
Gratuito | ingressos no local 1h antes de cada sessão | 12 anos | 90 minutos | 60 pessoas
Instagram: @umhomemchamadojose | Teaser