Uma das editorias que mais se destaca na atualidade é o Jornalismo Ambiental. Falar sobre o meio ambiente na mídia é, mais do que reportar as constantes agressões ao meio ambiente, também alertar para os desastres iminentes, as decisões políticas diretamente ligadas a eles, além de amparar a formação da opinião pública sobre como a Natureza está intimamente ligada ao nosso bem-estar como à sobrevivência do Planeta. O Jornalismo Ambiental também mostra soluções sustentáveis a nível global, nacional, regional e local, e como aparentes pequenas ações individuais podem gerar impactos positivos em comunidades.
Se por um lado a mídia hegemônica pauta o meio ambiente principalmente a partir de acontecimentos de grande repercussão – ao invés de discutir as questões pertinentes no cotidiano de forma mais costumaz – a mídia alternativa acaba ficando com o papel de difundir informações ambientais abrangendo um espectro mais amplo junto ao público interessado sobre o assunto, principalmente através das mídias eletrônicas, o que torna a disseminação das notícias mais democráticas, rápidas e de grande alcance.
O que vemos hoje é um crescente número de pessoas preocupadas com o futuro do planeta e engajadas em torno de instituições, organizações, bem como observamos uma quantidade considerável de petições em torno de assuntos que cobrem a proteção de setores da fauna e da flora no nível planetário. Da mesma forma, vários setores da economia chegam às redes sociais para falar sobre, por exemplo, o impacto dos plásticos no cotidiano; consumo consciente de roupas, alimentos; vida saudável; vegetarianismo/veganismo; agrotóxicos; responsabilidade no consumo de água; direito dos animais, entre tantos outros assuntos que envolvem o selo verde. O cuidado com o meio ambiente é um modo de vida, uma preocupação com o futuro não necessariamente nosso, mas com o das gerações vindouras. É um comportamento altruísta, uma vez que extrapola a inquietação que as mudanças climáticas causarão na vida das pessoas a curto prazo, remetendo a um engajamento com o futuro.
A mídia alternativa pode debruçar-se em debates e exposições que concernem a projetos ditos “menores”, de ressonância mais local e regional, comunitária, diferentemente da grande mídia, que foca acontecimentos de grande reverberação na sociedade.
É importante dar relevância a indivíduos, grupos de pessoas, pequenas empresas que, através de suas ações, têm refletido, ecoado, vibrado positivamente seu entorno. Nesse sentido, a repercussão de seus projetos, ações, invenções, soluções têm não só bom acolhimento como causado mudanças positivas por onde passam, de forma a replicar as atuações e ampliar a conscientização para uma vida mais sustentável, simples, próxima à natureza e por isso mesmo, respeitosa a ela. A mídia alternativa é uma saída para dar foco a esse setor.
Uma pesquisa sobre projetos sustentáveis ao redor do mundo mostra uma grande atividade nesse sentido. São ideias que se voltam para a humanização das grandes cidades, buscando soluções menos poluidoras e alternativas, visando a preservação de áreas verdes e de reservas naturais. Há hoje uma arquitetura voltada para o reaproveitamento de materiais, otimização de espaços e aproveitamento de luz natural.
Vivemos um momento em que nunca se falou tanto em meio ambiente, justamente porque ele está chegando ao seu limite máximo de exploração, e se a população mundial, de uma maneira ampla, não tomar consciência rapidamente sobre essa questão, estaremos beirando o caos dentro de pouco tempo.
Sabe-se que por trás de toda essa pressão sobre o meio ambiente está o modelo de vida ocidental, que desde a Revolução Industrial vem criando maneiras cada vez mais agressivas de fazer com que as pessoas consumam além da sua necessidade e até mesmo desejo. O resultado disso é um mundo em que se extraem cada vez mais recursos naturais do planeta sem que nada – ou quase nada – seja reposto, mesmo porque uma quantidade considerável desses recursos é finita.
A partir dessas questões que buscam direcionar a atenção às ações positivas em relação ao meio ambiente, que a mídia alternativa ganha liberdade para atuar, mostrando soluções que, além de estarem mais próximas do que se imagina, são possíveis de serem realizadas, são acessíveis e podem ser replicadas sem grandes custos. No entanto, acabam não tendo visibilidade na mídia hegemônica, não são replicadas, não ecoam na sociedade com a importância e velocidade que merecem. São essas ações que o jornalismo alternativo deve explorar na tentativa demonstrar que sim, é possível fazermos a nossa parte, mostrar às pessoas os pequenos exemplos, que juntos podemos mais.
Andréia Terzariol Couto é pós-doutoranda do Departamento de Jornalismo e Editoração da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP)