Por Leonel Alvarado.
Um cara roubou milhões
pra engordar suas ambições.
Feio meu pais feio,
feio o cara e seu desejo.
Os bandeirantes caçavam escravos
pra desenterrar pedras preciosas.
Feio meu pais feio,
feio o diamante no joalheiro.
Engorda o dono na fazenda,
emagrece o índio sem sua terra.
Feio meu pais feio,
feia a barriga do fazendeiro.
Cospem balas os generais
pela paz e o progresso.
Feio meu pais feio,
feio a ordem e o progresso.
Prega deus seu evangelho
nas prefeituras, nos estádios e nos templos.
Feio meu pais feio,
feio deus e seu dinheiro.
Tanta mão com sua faca,
tanta vida com sua bala.
Feio meu pais feio,
eu te quero e não te quero.
Leonel Alvarado é Professor-Associado da Escola de Humanidades, Mídia e Comunicação Criativa na Massey University (Nova Zelândia).