Chegou o bolinho de camarão,
mas o amor estava em outra parte.
Foi triste o pastel de queijo,
embora fosse mineiro,
quando falou que nosso amor perdeu o tempero.
Triste boteco triste
coisa gostosa não fica
no cardápio da minha vida.
Não deu pra chegar a feijoada,
muita mistura:
carne, farofa, feijão tristes
sem sua doçura.
O que começou tão bom,
entre choppes e bolinho de peixe
acabará quando me deixes.
E até a mesa parece enorme
porque ela foi embora.
A vida veio hoje a acrescentar a conta.
Triste boteco triste
coisa gostosa não fica
no cardápio da minha vida.
A culpa não é sua, boteco,
velho testemunha de tanto amor.
Em suas mesas não serve-se dessa dor.
* Leonel Alvarado é escritor e professor na Massey University (Nova Zelândia)