Por Wilton Garcia
A desinformação desalenta a sociedade cada vez que forja uma falsa ideia de notícia, embora seja difícil evitar a neutralidade e/ou a tendência perante qualquer posicionamento. A (re)articulação de diversos fatores (teórico, ideológico, político, social) influencia nas decisões para elaborar a argumentação do texto. Propositalmente, alterar ou manipular uma informação provoca consequências graves.
O compartilhamento da informação estabelece valores a serem produzidos e disseminados, garantido sua veiculação – individual e/ou coletiva – como nas redes. A informação (re)equaciona um conjunto de dados (complexos ou não) eleitos como instância enunciativa de uma ocorrência registrada.
Há uma urgência no combate à desinformação na sociedade contemporânea, sobretudo com a mediação tecnológica e as derivações pulsantes que surgem como novidades hipermidiáticas. O fluxo digital – entre algoritmo, robótica, computação quântica, Big Data – evidencia a exploração potente da notícia sobre o fato, em que se estende o desejo de implementar diferentes desafios (econômicos, políticos, sociais, culturais) com posições inusitadas.
Em certos momentos, breves sutilezas delicadas diferenciam desinformação de informação. Mas, em outros, pontos grotescos eliminam dúvidas a respeito. Existe uma guerra, uma disputa acirrada, entre a verdade, o verossímil, o semelhante.
No campo contemporâneo da comunicação e da cultura, verifica-se a necessidade de ponderar a eficiência editorial da notícia para sanar o escopo jornalístico com artimanhas plausíveis, as quais expressem contribuição social – em consonância à comunicação social – para manter as pessoas informadas sobre qualquer situação ocorrida. Isso requer uma postura profissional comprometida com o esclarecimento dos fatos.
A partir de determinado ponto de vista, surgem maneiras diferentes de relatar um evento/acontecimento; o que convoca filtros de leitura do público para se constatar o conteúdo da narrativa. Esta última malfeita não ajuda na construção da notícia coerente com a verdade, pelo contrário, sua inconsistência contraria a vontade de informar.
Entre falso e verdadeiro, há uma distância a respeito da realidade. Da fonte ao testemunho, a elaboração da notícia requer critério e rigor na seleção específica dos componentes do texto para enfocar o assunto a ser tratado com parcimônia. Gerar uma informação com qualidade implica observar as dinâmicas conceituais e técnicas, as quais implementam atualizações inovadoras. Na medida do possível, resultantes comunicacionais almejam o tecimento de ideias abordadas estrategicamente.
No combate à desinformação atualmente, sugiro dois nomes relevantes na pesquisa brasileira para aprofundar acerca do assunto: Raquel Recuero (UCPel/UFRS) e Pollyana Ferrari (PUC-SP. São pesquisadoras (jornalistas e professoras) empenhadas no desenvolvimento de trabalhos científicos, a investigar os desdobramentos e as condições adaptativas entre desinformação e informação no Brasil.
Wilton Garcia é artista visual, Doutor em Comunicação pela USP, Pós-Doutor em Multimeios pela Unicamp e Professor da Fatec Itaquaquecetuba/SP.