Efeito_

Por Wilton Garcia.

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Tente observar que quando se exibe algo (texto, imagem, som) na rede mundial de computadores, outra parte fica oculta, aguardando oportunidade de aparição, se possível o for. Caso contrário será eliminado, descartado, esquecido. Isso segue a regra: “o que (ou quem) não é visto não é comentado.

Nesse contexto, estrategicamente cria-se, então, um paradoxo na sua extensão gerativa de enunciado em desenvolvimento – no seu próprio processo de manifestação da ideia à sua expressão. Esse intervalo comunicacional (entre aparecer e sumir) solicita complemento. Tal completude ocorre para se valer a satisfação do/a Outro/a. Talvez, seria preencher uma lacuna aberta pela necessidade do ato comunicacional incompleto: se não viu, de fato, não testemunhou, logo não sabe.

Consequentemente, o que fica exposto explicita a mensagem (re)equacionando o direcionamento da percepção/observação sobre o objeto/contexto em destaque. Já o que está por detrás desta imagem, ainda que em cena, não pode ser visto/lido porque localiza-se completamente fora do campo de visão. Portanto, não há relação alguma. Ou seja, solicita complemento, uma vez que ocupa a espacialidade de maneira obtusa, aos olhos de Barthes.

Esse jogo relacional fragmento (re)vela intenções escusas um tanto quanto secretas, que (não/nem) são expostas à prova e ressaltam um ar de mistério vagaroso. Há apenas vestígios, pistas, do que possa supor uma expressão advinda da atmosfera elástica – portanto, deslocável e/ou flexível – das (im)possibilidades simultâneas – do que se quer e/ou do que não se quer!

Entre mostrar e/ou esconder, nascem intervalos, paradoxos, contradições, controvérsias, oposições, antagonismos; o que não faz sentido alcança, de modo inevitável, a produção de efeito. Esse último (o efeito) torna-se causador de enorme impacto atual. O efeito tange a epifania que brilha, causa explosão e desaparece imediato, sem qualquer sustentação na efetiva manutenção de um posicionamento seguro. O efeito propõe uma instantânea expressão que se apaga rapidamente, sem deixar marcas.

Disso fica uma questão razoavelmente polêmica: como realizar, assim, uma mediação sensível/inteligível que possa representar a manifestação das coisas no mundo contemporâneo?!

Gosto de sugerir nomes de pesquisadores/as brasileiras que contribuem com o aprofundamento do debate a respeito das proposições que realizo. Essa seria uma maneira de provocar debates mais profundos. A escritora capixaba e professora doutora Bernadette Lyra (UFES), uma das minhas mentoras, tem um trabalho fantástico no campo da comunicação. Com ela, aprendi muito sobre o saber e o sabor da produção de efeito.