ASTRONAUTA MAIA

Por Felipe Chibás Ortiz.

Escrito originalmente em 27/11/2012, às 10h29.

 

Sim, eu sou o alienígena alienado
que viaja na nave de um único lugar,
escrevendo sonhos nas paredes da noite
e pesadelos no solo do calendário solar.

Sou o cosmonauta maia
que viaja só pelo Universo
buscando companhia,
escutando apenas o vento dos astros,
construindo subterfúgios e máquinas de ar,
enquanto aperta alavancas
que não existem, nem funcionam,
esperando um incerto milagre chegar.

Sou o astronauta perdido
que navegou séculos luz
para encontrar o fantasma inexistente
de si mesmo no espelho,
aquele que deixou sua sombra
colgada de um quasar…

Sim, sou o poeta de pedra,
saindo da obsidiana para dizer
palavras sem voz, verso ou idade.

 

Felipe Chibás Ortiz é livre-docente da Universidade de São Paulo. Atua na Escola de Comunicações e Artes e na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiróz.

Poema extraído de O DESAFIO DE EXISTIR, 100 Poemas de amor e uma canção desesperada, Ed. Multioficio, 2017.

Também disponível em: https://multioficio.wixsite.com/multioficio/product-page/o-desaf%C3%ADo-de-existir-el-desaf%C3%ADo-de-ex%C3%ADstir