ARTE_

Por Wilton Garcia.

Site: wiltongarcia.com.br

 

O ano de 2020 registra mudanças expressivas que ocorreram internacionalmente: uma pandemia que se espalhou no planeta. Mudanças são benvindas com deslocamento e flexibilidade, pois (re)equacionam a própria adaptação da condição humana. O isolamento social gerou soluções e, ao mesmo tempo, conflitos. A pausa tornou-se uma necessidade vital à sociedade contemporânea, a qual assistiu sua própria fragilidade.

De modo efetivo, a vida humana atravessa a precariedade do bio entre verdade, realidade e existência. A vulnerabilidade do Ser/Estar do sujeito colide com as crises das representações (sanitárias, econômicas, políticas, identitárias, socioculturais), sobretudo no universo da arte.

Nessa reviravolta, a arte cada vez mais (re)dimensiona seus valores. Essa passagem consolida outros valores, para além do lugar comum. E se uma reflexão/pensamento se transpõe em matéria, o novo atualiza a regência do (re)começo. Portanto, O que se destaca na arte contemporânea no Brasil e no mundo?

As coisas no mundo necessitam de “novos/outros” parâmetros e diretrizes capazes de interpelar a vida, como produção de subjetividade – do jogo elástico sensível ao sentir. Aspectos (in)formais estabelecem referentes, na ordem do dia, quando ultrapassam a articulação material concreto com desafios intersubjetivos da cultura digital, mediante as tecnologias emergentes: redes sociais, smartphone, internet.

Nesse fluxo de virtualidades, a produção da informação solicita (re)adequações necessárias para se propor critérios de mediação, interação, colaboração. Tal situação convoca valores singulares, atualizados de acordo com as demandas, como fenômeno da contemporaneidade.

A produção artística hoje tende, em partes, a incorporar o cotidiano da sociedade e isso traz consequências; uma delas seria a responsabilidade dos coletivos de artes gerando mais força entre artistas, produtores/as culturais, curadores/as, galeristas. Otimizar o potencial de determinada reunião coletiva traduz fatores de impacto no apoio à produção, circulação e comercialização de nomes de artistas reconhecidos e legitimados por feiras, salões, instituições culturais, galerias e colecionadores/as.

Com experimentações poéticas e estéticas, a realização da instalação XXX_ na Caixa Cultural São Paulo e recebimento do Prêmio Funarte Respirarte – na categoria Artes Visuais expõem instâncias da minha pesquisa no campo da comunicação e da cultura. Nesse contexto, a relação entre arte, consumo e meio ambiente sistematiza uma proposta inovadora de arte sustentável, sobretudo no Brasil.

Por exemplo, a (re)orientação entre artes plásticas e/ou artes visuais no amplo estado crítico-reflexivo de agenciamento e negociação com o mercado da arte. A partir de posicionamentos crítico-reflexivos, tendências emergentes questionam os estatutos da arte e no sobressalto entrelaçam o viver. A arte contemporânea brasileira ocupa uma parcela expressiva de compra e venda no mercado internacional. O que faz questionar a valoração de pessoas e/ou objetos, estendendo-se em natureza e cultura (e vice-versa).

 

Wilton Garcia é Artista visual, Doutor em Comunicação pela USP, Pós-Doutor em Multimeios pela Unicamp e Professor da Fatec (Centro Tecnológico Paula Souza), campus Itaquaquecetuba/SP.
Site: wiltongarcia.com.br