JOÃO GUIMARÃES ROSA
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No meio do redemoinho: ética, violência e modernidade em
Grande sertão: veredas
Felipe Bier Nogueira
Literatura e Autoritarismo, n. Dossiê 3, jul. 2010
p. 102-118
O trabalho tem como objetivo tecer uma visão ampla do exame crítico do romance Grande Sertão: veredas, de Guimarães Rosa, de modo a compreender a penetração da temática da modernização através da representação da violência na trama. Propõe-se como método de abordagem da obra uma dupla leitura: a primeira, uma leitura horizontal, calcada na história brasileira; a segunda, um aporte transversal, cujo fim é mostrar o ponto em que, através dos agenciamentos que a representação da violência no romance movimenta, a obra rasga seu invólucro particular – o mise-en-scène do declínio do poder patriarcal brasileiro e a consolidação da mediação das relações sociais pela lei no universo do sertão – e avança em direção à matéria bruta da soberania moderna – na qual a relação intrínseca entre lei e violência é fundamental. Como desdobramentos deste contato, Grande Sertão: veredas ganharia contornos universais ao representar a cada vez mais escassa possibilidade de justiça e redenção ante uma violência informe e, por isso, monstruosa. Pretende-se mostrar como o romance se utiliza desta violência notadamente moderna como força motriz para, num primeiro momento, armar a estrutura do universo jagunço sobre bases míticas para, depois, desconstruí-las tragicamente, revelando o ciclo de violências preso à culpa e ao destino, que culmina numa escalada da angústia e em seu fim catastrófico. Neste sentido, as relações de Riobaldo com Diadorim ganham proeminência na análise por formarem um arco cujas extremidades seriam ocupadas pelo teor testemunhal do relato de Riobaldo e pelo desfecho messiânico da trama.
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O amor no
Grande sertão
: violência e utopia no anti-romance rosiano
Felipe Bier Nogueira
Miscelânea, n. 23, 2018
p. 257-271
O texto procura construir uma análise detalhada do amor em Grande sertão: veredas. Mais especificamente, foca-se na relação entre Riobaldo e Diadorim para argumentar que o amor entre os companheiros jagunços não compartilha da mesma natureza que os outros amores na obra. O amor compõe-se de modo a sustentar os movimentos erráticos do narrador, sendo, portanto, a principal força de atração da trama, ao mesmo tempo em que condiciona a visão sobre a violência no texto. O entendimento do amor na obra reteria, portanto, a chave para sua decifração formal ao mesmo tempo em que costuraria a imagem de uma utopia política a partir dos questionamentos que lança sobre o entrelaçamento entre desejo, moralidade e violência. Por fim, lança-se a tese de que o amor entre Riobaldo e Diadorim é o elemento que, comportando um regime da diferença bastante peculiar, colocaria a obra na contramão, bem como na vanguarda, do romance moderno.
Palavras-chave do autor:
Amor
|
Grande sertão: veredas
|
romance
|
Utopia
|
violência
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