JOÃO GUIMARÃES ROSA
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O diálogo de poesia, filosofia e mitologia em Guimarães Rosa: "Curtamão" e "Lá, nas campinas"
Maria Lucia Guimarães de Faria
Veredas: Revista da Associação Internacional de Lusitanistas, n. 13, 2010
p. 55-78
A obra de Guimarães Rosa tem um acentuado pendor mítico-fi losófi co. As duas inter-pretações propostas a seguir comprovam que o recurso à fi losofi a e à mitologia permite extrair uma compreensão mais plena das estórias do grande escritor. Em “Curtamão”, a partir do ensaio Construir, habitar, pensar, de Heidegger, demonstra-se que a solida-riedade intrínseca entre a construção da casa, a narração da estória e a eclosão da vida constitui o sentido mais profundo desta estória fundamental. Somente um habitar to-mado de poesia corrige a errância em que se dissipa o homem. Em “Lá, nas campinas”, da audição da palavra mítica depende a reconstituição de uma existência rompida, que perdeu o vínculo com a Infância longínqua. O mito é a palavra que pronuncia o que é, suscitando a presença do que nomeia. Falar já é responder à linguagem essencial, que se exprime através do mito. Em ambas as estórias, estranhas e enigmáticas, a existên-cia está por construir, e a única possibilidade desta construção é o vigor originário da palavra poética.
Palavras-chave do autor:
Construir
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Habitar
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mito
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Narrar
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Palavra poética
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