Em Grande Sertão: veredas (1956) o tom sério da narrativa se mescla com o aparecimento de elementos cômicos que, apesar de esparsos, participam da estruturação da narrativa. Este trabalho analisa as manifestações da comicidade, tais como procedimentos, técnicas, estruturas cômicas, chistes, e a representação do riso nesse romance, de Guimarães Rosa (1908-1967), buscando relacionar esses mecanismos com o enredo. Assim, partiremos dos seguintes teóricos da comicidade e do riso: Bergson
(2007), Freud (1977), Jolles (1976), Propp (1992), Minois (2003), além das discussões sobre a ficção rosiana feitas por Candido (1990), Galvão (1986) e Utéza (1994). Ademais, problematizam-se as relações entre o sério e o cômico, o constante alívio de tensões, bem como a relativização de valores e comportamentos que repensam a lógica usual do mundo. O aparecimento sutil desses elementos cômicos concorre para a superação de preocupações metafísicas pela via do riso.