JOÃO GUIMARÃES ROSA
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Revista de Literatura, História e Memória
2007, v. 3, n. 3
Artigos
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De Flausina e Belisa: Flaulisa - Protótipos da Mulher Latino-Americana, Presentes em Isabel Allende e Guimarães Rosa
Gilmei Francisco Fleck
p. 83-90
A literatura latino-americana tem, ao longo dos anos, tratado de forma especial as questões referentes à configuração discursiva as personagens femininas. Tal aspecto pode ser encontrado em textos tanto de autoria feminina como masculina. Apoiados nos pressupostos da Literatura Comparada, este trabalho busca eveidenciar tal fato pela comparação entre as personagens femininas protagonistas do conto Esses Lopes, do brasileiro Guimarães Rosa (1969), e Dos palabras, da chilena Isabel Allende (1989). Interessa-nos verificar como ambos os escritores reproduzem, pela arte literária, o cotidiano vivenciado pelas mulheres em sociedades nas quais imperam ainda valores patriarcais. Buscamos, pela comparação entre os textos escolhidos como corpus, mostrar que, independente do sexo de quem escreve um texto, a literatura, como arte que explora a potencialidade dos signos lingüísticos, vale-se do poder das palavras para revelar as condições existenciais da mulher, fazendo da literatura uma arma poderosa de conscientização e denúncia das injustiças sofridas pela população.
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Desordem e Paz nas Mulheres da Obra
Grande Sertão: Veredas
Nilceia Rodrigues da Silva Limanski
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Sanimar Busse
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Talita Lidirene Limanski de Quadros
p. 99-106
Apresentamos neste texto algumas considerações sobre o gênero feminino na obra “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa. João Guimarães Rosa pertence à terceira geração do Movimento Modernista no Brasil e tem como uma de suas características o uso da narrativa como possibilidade de reconstruir o vivido e, dessa forma, tentar decifrá-lo. A vida e os afetos humanos, para Guimarães Rosa, só se concretizam e se explicam através de paradoxos que, como afirma o autor do romance, têm a função de exprimir o que não se pode dizer através das palavras. Compreender o elemento feminino nesta obra exige que se tenha em mente o lugar social que o gênero ocupa dentro da totalidade. O que se tem é um sertão que “carece de fecho”, um mundo de jagunços e de duras e próprias leis em que é preciso ser forte para, assim, assegurar a sobrevivência. A mulher, neste contexto, é vista como “sexo frágil” (por ser dona de uma estrutura física mais delicada), torna-se dependente do homem e, automaticamente, submissa a ele, cedendo seu corpo e sua existência para servir a seus caprichos. Fugir desta perspectiva só seria possível sendo Diadorim, a mulher às avessas. Mulher essa, que rouba a paz e põe em conflito o universo interior do protagonista Riobaldo, que só recupera sua tranqüilidade por meio de Otacília, sua estrelaguia na busca pela reorganização de seu âmago.
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