JOÃO GUIMARÃES ROSA
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Revista Garrafa
2018, v. 16, n. 46
Artigos
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Em "A estória de Lélio e Lina", Lina cura Lélio
Clarissa Catarina Barletta MARCHELLI
p. 101-117
Ansiando por uma mulher, Lélio aporta ao Pinhém. Nessa fazenda, é com uma senhora, dona Rosalina, que Lélio estabelece uma sincera e profunda amizade. Confessando suas paixões, Lélio recebe de Lina respostas a perguntas ainda não formuladas. Nessa escuta, o vaqueiro errante resgata o antigo desejo por uma moça ainda distante e parte novamente em busca dela, integrando interiormente um ideal a sua própria realidade. Das palavras consoladoras da curandeira em resposta às confidências do boiadeiro, é selada uma amizade legítima entre um moço e uma senhora, uma estória. O que, então, impulsiona Lélio a retomar viagem em busca da Moça Linda do Paracatú - seu ideal romântico - é a presença de um aporte de transformação da expectativa em esperança - Lina. Desse estreito e confidencial relacionamento, brota no jovem a compreensão do movimento cíclico e ascendente do desejo erótico. Encarnando Diotima, a sacerdotisa que elucida a Sócrates a especificidade constitutiva do sentimento amoroso, a curandeira Lina transmite um saber intuitivo: a insatisfação contínua própria da paixão. Vinculando-se ao diálogo platônico O Banquete, Guimarães Rosa atualiza uma narrativa mítica do amor.
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O triunfo da palavra em "Famigerado"
Alessandro do Nascimento
p. 172-185
A noção de profanação é fundamental no pensamento político de Giorgio Agamben. Segundo ele, a religião não é a esfera que liga os homens ao sagrado, mas a esfera de separação dessas duas dimensões. Nessa perspectiva, as coisas consagradas aos deuses são retiradas do livre uso humano, tornando-as indisponíveis. Radicalizando essa tese, Agamben a conjuga com a tese benjaminiana segundo a qual o capitalismo é a religião moderna. Nesse sentido, na sua produção de mercadorias, que em si mesmas são cindidas entre o valor de uso e valor de troca, o capitalismo torna cada vez mais todo e qualquer objeto consumível e trocável, mas não utilizável. Dessa forma, a religião capitalista, apropriando-se de quase todas as dimensões da vida humana, apresenta-se com improfanável, uma vez que profanar significa devolver ao uso daquilo que foi sacralizado. Partindo dessa compreensão, a interrogação a que o pensamento agambeniano convoca é a seguinte: como pensar em um uso profanado a partir daquilo que se apresenta como improfanável? Assim, este trabalho pretende mostrar como as noções de uso e profanação, com um funcionamento exemplar, evocam uma dimensão ética que parece impossível: a deposição das formas de vida produzidas pelas sociedades capitalistas.
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