Há muitas linhas de análise da obra de João Guimarães Rosa. Uma que não tem sido proposta, a n ão ser em meu artigo sobre "Meu tio, o iauaretê" [o uso da língua tupi foi comentado por Haroldo de Campos e pela tradutora do conto para o espanhol, só por ocasião do III Encontro Guimarães Rosa], é a vertente do conhecimento indígena. Na medida em que em Grande sertão: veredas Riobaldo se preocupa em definir o diabo e o mal, para negar o mal e o diabo, existe pelo menos este sinal de uma busca correspondente à cosmogonia e uto pia indígenas: a busca da Terra sem Mal. Parto por um lado de registros de etnólogos sobre a busca da Terra sem Mal por indígenas tupiguarani, assim como de poemas e mitos colhidos entre esta e outras etnias, e, por outro lado, ancorada no desejo de Riobaldo de levar a todos que conhece para um lugar desconhecido por ele, um lugar sem Mal, assim como baseada em outras cenas do romance, apresentarei o paralelismo entre seu anseio de salvar, em primeiro lugar, seus companheiros, mas também seus conhecidos isto é, sua utopia e o mito indígena.
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