Esta dissertação busca investigar o autêntico realismo presente em Grande Sertão: Veredas a partir de princípios estéticos elaborados por György Lukács e por outros filósofos marxistas. Com isso, representa uma originalidade na fortuna crítica sobre o único romance de João Guimarães Rosa, cuja obra em geral é estudada de modo apartado a qualquer noção de realismo. Questionar essa tendência da crítica faz parte do esforço de demonstrar os múltiplos aspectos realistas desse livro. Nesse sen-tido, nossa hipótese básica é que o Grande Sertão: Veredas é capaz de ser um retrato do Brasil ao mesmo tempo em que singulariza personagens sertanejos e incorpora os movimentos decisivos da modernidade universal, determinada pelo avanço do capita-lismo. A fim de comprovar essa hipótese, esse trabalho investiga a lógica dialética presente nas mais diversas camadas do romance, com especial atenção para a conden-sação artística de distintas dimensões temporais e espaciais, vista sob o prisma do de-senvolvimento desigual e combinado e da correlação real e estética das categorias da singularidade, da particularidade e da universalidade. A dissertação dedica um capí-tulo para apontar como a realidade brasileira se incorpora nos personagens e em deta-lhes formais do romance, e outro capítulo para discutir os significados do mito do Fausto para a literatura universal e para o romance de Guimarães Rosa. Por fim, o capítulo conclusivo propõe um neologismo interpretativo que una a história e a estó-ria, e termina com palavras sobre a brutalidade e a violência, que marcam esse ro-mance e o Brasil.
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