Instigada pelo desfalecimento de Riobaldo na batalha final entre Hermógenes e Diadorim, no romance Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa, pretendo discutir o desapossamento do sujeito no momento crucial do enredo, tendo como pano de fundo intersecções da psicanálise
com estudos interpretativos da tragédia de Hamlet. A impossibilidade de ação do narrador/protagonista, que na face do chefe jagunço Urutu-Branco sente a potência do corpo
esvair-se, define o desenlace trágico do romance. A cena mobiliza uma reflexão sobre o ato e sua inibição, buscando novos planos de sentidos simultâneos ao caráter fáustico inequívoco. O combate fatal e o pacto serão articulados de forma a revelar imprevistas identificações fantasmáticas do protagonista em sua travessia. Freud e Anatol Rosenfeld serão mobilizados para construir um pensamento que ilumine a trama em seus aspectos temáticos e estilísticos.