JOÃO GUIMARÃES ROSA
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Márcio José Pivotto Barbieri
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Márcio José Pivotto Barbieri
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2011
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O tempo das formas em Grande Sertão: Veredas
Márcio José Pivotto Barbieri
Dissertação de Mestrado
Universidade de São Paulo
2011
A presente dissertação propõe-se a analisar o tempo na obra Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa. Inicialmente, apresentam-se algumas teorias sobre o tempo baseadas em textos de Lessing, Santo Agostinho, Koselleck, para chegar às teorias do tempo da narrativa, cujos princípios são retirados principalmente dos ensaios de Benedito Nunes e Mendilow. Fundamentada nessas teorias sobre o tempo, a análise é desenvolvida com o intuito de apresentar as formas de temporalidade no romance de Guimarães Rosa. Assim, situa-se a obra no campo literário brasileiro em que o autor a escreveu. Como consequência, abordam-se algumas referências ao tempo histórico que estão explícitas na fala de Riobaldo, como a passagem da Coluna Prestes pelo Norte e Nordeste brasileiros. Por fim, estudando as descrições de cenas, as imagens criadas a partir do ambiente do sertão, as alegorias a partir de elementos naturais (vento, rio, buritis), pretende-se expor como o tempo aparece em diversos momentos do romance. No último capítulo, desenvolve-se a discussão sobre o tempo das formas, demonstrando-se como a constituição da cena da enunciação põe em jogo categorias do tempo. Parte-se inicialmente da organização da estrutura do romance, a saber, do monólogo em forma de diálogo entre um velho fazendeiro sertanejo e um doutor da cidade. Definem-se em seguida os tempos da enunciação (a narração a partir do presente) e do enunciado (os fatos passados da vida do ex-jagunço). Comparando o romance rosiano com dois machadianos (Memórias Póstumas de Brás Cubas e Dom Casmurro), apresentam-se as semelhanças e diferenças entre as formas de constituir as narrativas. Com isso, chega-se à caracterização dos autores fictícios (nas obras de Machado de Assis) e da figura do narrador (no romance de Guimarães Rosa). No final, propõe-se que a organização da primeira parte do romance de Guimarães Rosa, cujo divisor é o episódio do julgamento de Zé Bebelo na fazenda Sempre Verde, é um correlato da elaboração de um devir outro do eu do narrador, que acontece a partir da enunciação. Como a enunciação é definida pelo tempo do presente, o narrador, ao relembrar os fatos de sua vida, projeta outras figuras para o que ele foi (jagunço, atirador e chefe), pois se culpa pelas consequências de suas ações no passado, sendo que a principal é a morte de Diadorim. Essa organização da narração engendra formas de tempo que são os resultados que esta dissertação se propôs a discutir.
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