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O sertão e sua desmedida: finitude e existência em Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa
Cristiane Sampaio de Azevedo
Tese de Doutorado
Universidade Federal do Rio de Janeiro
2010
O sertão e sua desmedida é o tema do presente trabalho. Nele, buscamos nos aproximar do significado insólito, inabitual, do sertão no romance Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa. Nossa leitura visa, portanto, a partir da narrativa poética e metafísica do personagem e narrador Riobaldo, sentir e pensar o sertão enquanto uma realidade que extrapola o espaço físico e geográfico, que é sem fim, que é sempre outro sendo o mesmo, ou, como diria o narrador, que "está em toda parte". Para tanto, partimos de uma reflexão em torno da proximidade existente na obra entre poesia e pensamento. Na fala de Riobaldo, repercute um tom poético e pensante que, guiado pela intuição, coloca o "lugar sertão" a todo instante em suspenso, dando origem, assim, ao caráter insólito do mesmo. Entendemos, nesse sentido, o sertão como uma experiência que, antes de tudo, não se mede e que redimensiona a existência, alargando suas bordas, suas margens, ao permitir que ela seja, em sua finitude, infinita a cada instante; ou que o sertão, a princípio, relacionado a um determinado lugar geográfico, possa ser "dentro da gente", isto é, possibilite a travessia para o infinito, libertando, assim, o homem do peso da temporalidade, como desejava Guimarães Rosa.
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