Curso de Pós-Graduação em Letras
100 f.
Este trabalho tem como objetivo apresentar uma reflexão sobre memória e identidade na velhice, temas representados na obra de João Guimarães Rosa. Por memória, entende-se a tomada de consciência do passado como tal. Sabe-se que a fase da velhice faz parte da evolução da civilização humana, ou seja, é uma etapa da vida, parte de um ciclo natural, constituindo-se como uma experiência única e diferenciada, mas também é culturalmente construída. Simone de Beauvoir (1970/1990) afirma que a velhice é uma dimensão existencial que modifica a relação do indivíduo com o tempo, com o mundo e com a sua própria história. Para entender o conceito de memória, torna-se importante, neste trabalho, uma revisão bibliográfica que inclui os textos de Maurice Halbwachs (1968/2003), Mircea Eliade (1963/2013), Marilena Chaui (2004/2005) e Sandra Jatahy Pesavento (2003/2012), entre outros. Quanto à representação do tema da velhice na literatura, serão analisados os contos Presepe, de Tutaméia - terceiras estórias, de João Guimarães Rosa, em que se observa a exclusão, na família, de alguns indivíduos do cerimonial da Missa do Galo, um "por achaques de velhice", outra por ser uma "cozinheira cardíaca" e ainda um terceiro personagem por ser "terreireiro imbecil"; e Nenhum, nenhuma, do livro Primeiras Estórias. Aqui é a história de um menino, que deve ser reconstituída na memória, anos mais tarde, tornando-se ele um adulto. Trata-se do tema da velhice, em que os cuidados de uma jovem para com a idosa dão relevo ao amor. Estudar o assunto memória dos velhos é um tema relevante porque a população de velhos cresce significativamente no Brasil e suas lembranças representam a garantia de continuação da memória, vista como tradição, cultura e identidade. O interesse por esse tema surge de uma necessidade, a de se entender as características que individualizam os velhos, como memória que contribui de modo indispensável para a história da humanidade. Nesse propósito, a narrativa poética rosiana, sensibilizando os leitores, constitui-se no que Antonio Candido assevera ser um direito do cidadão: pela fabulação, o indivíduo entende-se de forma criativa com o seu mundo. Conforme a necessidade prevista pelo Estatuto do Idoso, Lei Nº 10.741/2003, é necessário oferecer mecanismos que favoreçam a divulgação de informações de caráter educativo sobre os aspectos biopsicossociais de envelhecimento. Assim, entende-se que a presente dissertação oferece possibilidades para o cumprimento da legislação.
Palavras-chave atribuídas pela pesquisa:
Velhice