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Masculinidade no jagunço Riobaldo: uma perspectiva étnico-gendrada
Abílio Mendes de Almeida
Dissertação de Mestrado
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
2016
Esta dissertação é um estudo qualitativo sobre a masculinidade do jagunço Riobaldo, personagem protagonista do romance Grande Sertão: Veredas, do escritor João Guimarães Rosa (2001). A pesquisa adotou uma perspectiva étnico-gendrada que encontra nos estudos de gênero e etnicidade o seu principal embasamento teórico. Buscou-se compreender como essas duas categorias colaboram na construção da masculinidade dessa personagem, para que fosse possível responder a nossa principal questão norteadora: Riobaldo sofre uma crise de identidade masculina? Como e por quê? Sendo assim, observou-se a maneira como o protagonista do romance se pensa enquanto homem, de acordo com os valores da sociedade patriarcal em que vive, bem como o papel do seu grupo de jagunços na construção desse modelo rígido de macho, na manutenção de um tipo de poder hegemônico e na orientação dos padrões étnicos da jagunçagem, que tem em um determinado tipo de masculinidade a sua principal condição de pertencimento. Consequentemente, foram avaliadas as contradições do discurso de Riobaldo, buscando atentar para os elementos que de alguma forma indiciam a possível crise. Os(as) principais teóricos(as) de gênero utilizados(as) foram: Guacira Lopes Louro (1997), Joan Wallach Scott (1995), Sócrates Nolasco (1993), Pierre Bourdieu (2014) e Durval Muniz de Albuquerque Júnior (2013); os de etnicidade: Philippe Poutignat e Jocelyne Streiff-Fenart (2011) e Fredrik Barth (2011). Por se tratar de um olhar sobre o jagunço, foi preciso definir esse tipo regional, o que ocorreu com base em uma pesquisa de Frederico Pernambucano de Mello (2011). Sendo o nosso corpus um texto literário e a nossa abordagem uma questão social, fez-se necessário que este trabalho se iniciasse com uma discussão acerca da relação entre literatura e sociedade – parte embasada especialmente nos estudos de Antonio Candido (2014), Anderson Bastos Martins (2013) e Adriana Maria de Abreu Barbosa (2011) – e que, em seguida, se promovesse uma fundamentação – a partir de Teresa de Lauretis (1994) – que define a literatura como um lócus de tecnologias de gênero, mostrando como o romance investigado cumpre a sua função tecnológica de criar novos caminhos para se pensar os gêneros e as sexualidades. A metodologia utilizada foi a Análise Crítica do Discurso (ACD), que entende o discurso como uma prática social, e tem aqui como seus principais representantes Norman Fairclough (2001) e Teun A. van Dijk (2010). Através da ACD foram investigados fragmentos do romance, sendo aplicadas sobre eles duas categorias de análise que serviram para revelar as características da masculinidade de Riobaldo e organizá-las em oito campos semânticos.
Palavras-chave do autor:
Literatura rosiana
|
masculinidade
|
O jagunço Riobaldo
|
Perspectiva étnico-gendrada
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