Esta tese propõe-se a refletir acerca dos animais escritos na literatura, dedicando assim à zooliteratura, principalmente sob a perspectiva da linha de pesquisa dos Estudos Animais. A metodologia de análises crítico-interpretativas de textos selecionados da obra do escritor João Guimarães Rosa, por meio da qual a temática animalidade vem à tona, mostrou-se favorável aos objetivos desta investigação, sobretudo o principal deles: conhecer os animais. Para tanto, primeiramente percorremos de forma teórica, todavia já antecipando algumas análises discursivas, os conteúdos de importantes trabalhos assentados no campo dos Estudos Animais cujas discussões estão, em alguma medida, relacionadas às questões sobre animalidade/humanidade. Na sequência apresentamos os resultados da proposta interpretativa de buscar as figuras dos animais paradigmáticos escritos por Guimarães Rosa ao longo da sua carreira artístico-literária, valendo-se de uma seleção cujos textos evidenciam, além de múltiplos viesses analíticos para a temática sobre os animais, e por conseguinte para ampliamos nosso olhar para relação existente entre homem e animal, justificativas para a presença dos animais elencados para compor o catálogo da terceira seção, considerados nesta tese animais ícones rosianos. Posteriormente contemplamos os textos da série “Zoo”, intitulados Zoo (Whipsnade Park, Londres); Zoo (Rio, Quinta da Boa Vista); Zoo (Hagenbecks Tierpark, Hamburgo); Zoo (Hagenbecks Tierpark, Hamburgo Stellingen), Zoo (Jardin des Plantes) e Zoo (Parc Zoologique du Bois de Vincennes), possibilitando melhores compreensões sobre situações circundantes à zooliteratura-poética rosiana. Fizeram-se impreterivelmente necessárias, antes de esmiuçar esses seis textos, da obra Ave, palavra, não somente o desenvolvimento das seções anteriores desta tese, mas também a trajetória investigativa começada há alguns anos, que inclusive culminou na dissertação Os bestiários de Guimarães Rosa, em Ave, palavra e, ora, converteu-se neste trabalho provido de leituras mais aprofundadas, revelando de modo mais direto o percurso construtivo de reflexões bastante significativas ao saber, em especial literário. Trabalhamos, pois, a complexidade da escritura de João Guimarães Rosa com relação à animalidade e, por sua vez, à humanidade tendo como principal referência sua maneira singular de expressão e, por acréscimo, de oportunizar experiências formativas. Tais conhecimentos foram confirmados nesta pesquisa como fundamentos para lidar com circunstâncias atuais, as quais envolvem a figura do animal, humano ou não.