Projeto Redigir, liderado por estudantes da USP, tem início das aulas no final de abril
O projeto, que tem como missão a expansão e a democratização do acesso à educação, prepara-se para mais um ciclo com novos voluntários, que se dizem esperançosos
Por: Gabriela Barbosa, Gabriela Raso, Luisa Miyadaira e Yasmin Teixeira
Editora: Yasmin Brussulo
O projeto Redigir, inicialmente criado como um curso pré-vestibular, hoje caracteriza-se como um curso de comunicação social e cidadania, que busca democratizar a educação e o acesso à universidade pública através de aulas gratuitas e com certificação sobre gramática, redação, debate e comunicação social. O curso é semestral e teve as inscrições abertas e realizadas, presencialmente, entre março e abril. As aulas acontecem nas sextas e nos sábados, das 9h30 às 12h30, na Escola de Comunicações e Artes, e têm início no dia 28/04.
O projeto busca ultrapassar as barreiras didáticas ao não só ensinar, mas também acolher seus educandos e voluntários. Inspirados pela filosofia de Paulo Freire — um dos maiores educadores do mundo e defensor da educação como instrumento político de libertação —, o Redigir encara seu objetivo como mecanismo de partilha de experiências e de aprendizado.
Beatriz Ohanna, voluntária do projeto há nove meses, compartilhou sua vivência como monitora e educadora: “O Redigir me trouxe uma motivação para estudar mais e compartilhar as minhas ideias, passar adiante. A maior vantagem em ser voluntária é descobrir que você pode fazer a diferença na vida de alguém, simplesmente doando um pouco do seu tempo e do que você sabe”. Segundo a educadora, o voluntariado não só desenvolveu a sua didática e capacidade de ensinar, como também a colocou em contato com diferentes perspectivas e ideias que a incentivaram a estudar e a escrever mais.
Esse efeito é esperado, também, nos educandos. “O curso prepara os alunos para exercerem sua cidadania por meio da comunicação, seja ela escrita ou falada”, diz Beatriz. Além disso, o projeto também ensina a diferenciar os tipos de texto e seus objetivos, exercitando a coesão e coerência, por meio da escrita e de discussões interdisciplinares a respeito de poesia, preconceito linguístico e muitos outros assuntos. Segundo Letícia Pinheiro, ex-aluna do Redigir, o projeto foi de grande importância para sua formação pessoal, sempre com discussões ricas sobre temas relevantes durante as aulas, como a importância do debate de ideias e da existência de divergências.
Por fim, o Redigir é um dos inúmeros instrumentos de expansão da perspectiva crítica e da acessibilidade à educação presentes na universidade pública, mesmo para aqueles não ingressantes. Na USP existem outros projetos semelhantes, como o “Da Periferia para o Mundo”, no qual os estudantes da universidade ministram aulas de reforço para crianças do Ensino Fundamental II de escolas públicas.