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Por Maria Clara Matos
O médico canadense Albert Yuzpe foi o principal formulador do contraceptivo de emergência, descobrindo que o uso de uma superdosagem de pílulas anticoncepcionais orais comuns provocava a prevenção da gravidez também depois da relação sexual. Segundo Regina Figueiredo, socióloga articuladora da Rede de Contracepção de emergência (REDE CE) e pesquisadora da Secretaria de Estado da Saúde e do NEPAIDS/ USP (Núcleo de Estudos para a Prevenção da Aids) , já na década de 70 profissionais brasileiros faziam a prescrição em consultórios, mas o uso ainda não era público. Na década de 90, há uma redescoberta do contraceptivo, tendo em vista as alterações proporcionadas nos anos 80 marcadas pelos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres, principalmente no que diz respeito ao aborto.
Regina conta que a primeira experiência pública no Brasil de uso do método foi realizada em 1994, quando um grupo feminista Transas do Corpo passa a coordenar a secretaria municipal, em Goiânia, e coloca à disposição da população feminina o método Yuspe, criado pelo médico Albert Yuzpe. Então em 1996, o Ministério da Saúde, procurando ampliar as ações do Programa de Atendimento à Saúde da Mulher (PAISM) como resposta às situações de risco, como violência sexual, falhas de métodos contraceptivos e não uso do contraceptivo, passa a orientar o uso do método. Posteriormente, a indústria farmacêutica passa a produzir as pílulas do dia seguinte, que à semelhança do método criado pelo médico possuem doses concentradas de hormônios sintéticos.
A pílula do dia seguinte é composta por doses concentradas de hormônios sintéticos já utilizados em pílulas anticoncepcionais comuns À base de etinil-estradiol e levonogestrel. Atua principalmente inibindo ou retardando a ovulação e prejudicando a mobilidade dos espermatozóides no útero. Caso, o óvulo fecundado inicie sua implantação nas paredes do útero, o método é ineficaz e não provoca seu deslocamento, logo a contracepção de emergência não é um método abortivo.
A eficácia da pílula do dia seguinte é de 95% nas primeiras 24h, no segundo dia é de 85% e no terceiro 58%. Os possíveis efeitos colaterais são náuseas e vômito. Segundo Maurício Souza Lima, médico hebiatra (clínico-geral especializado em adolescentes) da Unidade de Adolescentes e Coordenador do Ambulatório dos Filhos de Mães Adolescentes do Hospital das Clínicas, os efeitos colaterais não são comuns: “Dos meus pacientes, eu acho que um em um universo de mais de 50 se referiram a algum desconforto, um enjôo transitório, passageiro e vômito, na verdade, eu não me recordo de nenhum caso”.
Mas a pílula do dia seguinte não pode ser encarada como a pílula da felicidade. Se consumida frequentemente perde a eficácia e a longo prazo pode levar a descontrole hormonal. Pesquisa realizada pelo Instituto de Saúde do Estado de São Paulo e coordenada por Regina Figueiredo, com 4.929 com classes do ensino médio de diversos municípios de São Paulo,o revela que o uso repetido da pílula do dia seguinte não é prática dominante entre os estudantes, mas atinge a parcela de 14,5% que acredita que pode ser utilizada como método contraceptivo regular.
No entanto, Sandra Dircinha, médica e pesquisadora do Centro de Saúde Escola Geraldo de Paula Souza da FSP, é enfática ao dizer que a orientação dos profissionais é importante: “Se você apresentar os métodos contraceptivos para a mulher e viabilizar o método que ela escolheu respeitando sua cultura, a sua vontade, com toda certeza ela não vai usar a pílula como rotina”.
Maurício Souza Lima destaca que esse tipo de orientação também é importante tendo em vista as possíveis doenças causadas por uma relação sexual desprotegida: “É necessário lembrar ao jovem de que se ele precisou tomar a pílula de emergência é porque teve uma relação desprotegida ou sem preservativo. Aí a chance das doenças transmissíveis como gonorréia, sífilis e HIV é grande e é imprescindível tomar cuidado”.
Mais informações sobre a contracepção de emergência podem ser obtidas no manual publicado pelo Ministério da Saúde em http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/ae_2006.pdf.
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