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Basquete sobre rodas

Rafaella Guerra Moreira (e-mail para contato: gm_rafa@hotmail.com)

22/11/2017

Equipe Globo Esporte

Equipe Globo Esporte
Gabriel Goloni Lolo jogando basquete sobre rodas.

Praticado inicialmente por ex-soldados norte-americanos que haviam saído feridos da 2ª Guerra Mundial, o basquete em cadeira de rodas masculino fez parte de todas as edições já realizadas dos Jogos Paraolímpicos, que teve início no ano de 1960. As mulheres, por outro lado passaram a disputar a modalidade em 1968, nos Jogos de Tel Aviv.

No Brasil, o basquete em cadeira de rodas tem forte presença na história do movimento paraolímpico, sendo a primeira modalidade praticada no País, a partir de 1958. Depois de ficar de fora das Paraolimpíadas por 16 anos, a seleção brasileira voltou à disputa ao conquistar a vaga para Atenas-2004 durante os Jogos Parapan-Americanos de Mar Del Plata. Apesar da popularidade no país, o Brasil ainda não conquistou medalhas na modalidade em Jogos Paraolímpicos.

Os atletas de basquete paraolímpico são avaliados conforme o comprometimento físico-motor em uma escala de 1 a 4,5. Quanto maior a deficiência, menor a classe. A soma desses números na equipe de cinco pessoas não pode ultrapassar 14. São disputados quatro quartos de 10 minutos cada.

O esporte traz inúmeros benefícios àqueles que o praticam, como o combate ao sedentarismo, a prevenção de algumas doenças, a socialização e a melhora na qualidade de vida. No caso do atleta Gabriel Goloni Lolo, 16, foi um grande aliado para aprender a lidar com sua deficiência física.

Gabriel nasceu e mora em São Paulo, prematuro com apenas 27 semanas de gestação (o comum é nascer com 40 semanas) teve uma hemorragia interna que resultou em uma paralisia cerebral, de forma que seu corpo é perfeitamente normal, no entanto os impulsos

de movimento não chegam nas suas pernas. Ele conheceu o basquete sobre rodas graças a uma viagem, a família levou-o aos jogos paraolímpicos do Rio, onde Gabriel se impressionou com a garra dos atletas.

O Blog do Jornalismo Esportivo foi entrevista-lo:

BJE: Com quantos anos e como você começou a praticar o basquete sobre rodas?

Gabriel Lolo: Comecei a jogar basquete com 16anos após uma viagem aos jogos paraolímpicos, me impressionei com a garra deles, eu pensei que não dava pra fazer nada numa cadeira de rodas. O basquete trouxe o que a minha família sempre acreditou, a possibilidade de inclusão, de se sentir parte do grupo. Fui convocado pelo técnico Paulo Godoi, após a viagem de formatura, onde ele me viu ficar arremessando numa quadra em todas as horas vagas da viagem. Fiquei muito feliz com a convocação pois o time era, até então, só formado por andantes.

BJE: Onde você treina?

Gabriel Lolo: No Colégio Bandeirantes, junto com atletas andantes.

BJE: Quão importante é o basquete na sua vida?

 

O basquete pra mim tem uma importância gigante, que eu não consigo definir em palavras, porque é uma coisa que eu amo fazer e não pretendo parar nunca. Eu jogo sempre que tenho oportunidade, e treino quase todos os dias no colégio. O basquete mudou a minha vida.

BJE: Quais as maiores dificuldades que você enfrenta para treinar?

Gabriel Lolo: Eu não enfrentei tantas dificuldades pra começar a treinar, sempre me senti parte do grupo, acho que a maior dificuldade está relacionada ao fato de a minha cadeira estar com problema.

Gabriel dá dicas para cadeirantes que desejam começar a praticar o basquete sobre rodas, entre elas ele destaca a importância de, quem puder, comprar uma cadeira de rodas de basquete, porque ela ajuda bastante no treinamento em si. Outra coisa é procurar vídeos na internet para adquirir conhecimento sobre os fundamentos, dribles e regras, mas, acima de tudo o que importa é se divertir, independente de encontrar ou não um time só de cadeirantes. Gabriel nos ensinou que é sim possível realizar a inclusão através do esporte.