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Os desafios na formação de saltadores ornamentais

João Victor Jardim Mendonça

Atleta durante a execução do salto – Foto: Esporte Clube Pinheiros

 

Os saltos ornamentais são uma prática esportiva que existe há muito tempo. As primeiras competições datam de 1822 e foram realizadas em Tischy, na Alemanha, todavia a primeira competição a ser registrada fotograficamente, foi apenas em 1971 na Inglaterra, onde uma das pontes da cidade foi utilizada como plataforma de salto.

A modalidade olímpica, está inserida na Federação Internacional de Natação (FINA) e na Confederação Brasileira de Esportes Aquáticas (CDBA) e teve sua primeira participação em jogos olímpicos, somente em 2000 na sede de Sidney na Austrália.

As modalidades olímpicas são o salto de trampolim de 3m e a plataforma de 10m. Os principais movimentos avaliados pelos juízes estão relacionados com a posição do corpo dos atletas: carpada (pernas esticadas formando um ângulo com o tronco) esticada (corpo reto) e grupada (corpo flexionado).

O Brasil não é uma potência no esporte e passa longe disso. Creditamos esses resultados a falta de investimentos em categorias de base. Por isso, nossa entrevista será com a técnica do Esporte Clube Pinheiros, Profa. Fabiana Izumi (38), que falará sobre os desafios da formação de saltadores ornamentais.

Blog Jornalismo Esportivo: Existe algum pré requisito para que a criança e/ou adolescente possam iniciar a prática de saltos ornamentais?

Fabiana Izumi: É interessante que aqueles que queiram iniciar a prática dos saltos ornamentais tenham como pré-requisito a habilidade de sobreviver na água. A criança/adolescente não precisa saber nadar os estilos da natação, mas deve saber afundar numa piscina de 5 metros de profundidade, subir a superfície e chegar até a borda da piscina, habilidades conquistadas com exercícios.

BJE: Que tipos de exercício são esses?

FI: Exercícios na cama elástica, trampolim seco sobre colchões e na água são boas alternativas. Primeiramente, começamos com exercícios de borda, depois para as plataformas de 1 a 10m de acordo com a habilidade que cada praticante vem demonstrando ao longo dos treinamentos. O importante é prezar pela segurança da criança.

BJE: O Esporte Clube Pinheiros é um dos clubes credencidos na CBDA para formar atletas profissionais nessa modalidade? Nos conte um pouco mais sobre esse processo.

FI: O ECP é um clube formador de atletas. É o único clube em São Paulo que tem turmas desde a formação ao alto rendimento. Para atletas não-sócio, temos um número limitado de vagas. Eles passam por um teste e se houver vaga disponível, eles ingressam na equipe. Damos preferência por crianças a partir de 8 anos de idade e buscamos que elas tenham força, flexibilidade, coordenação, sobrevivência na água e seja corajosa. Iniciam na turma Pré-competitiva, onde aprendem os fundamentos básicos da modalidade e iniciam alguns saltos de competição até passarem para a equipe infantil. A partir da equipe infantil (até 13 anos) já participam de competições estaduais, nacionais e internacionais da categoria. Depois temos a equipe juvenil (14 a 18 anos) e a categoria adulta (a partir de 19 anos), mas os atletas da categoria juvenil já começam a participar dos eventos de categoria aberta como o Troféu Brasil e Taça Brasil. Além disso, também temos turmas de iniciação para associados, do infantil ao adulto, que são nosso maior público e temos como objetivo ingressar o infantil/juvenil na equipe, ou proporcionar uma atividade esportiva desafiadora.

BJE: A senhora é tecnica do time principal do Esporte Clube Pinheiros, vice-campeã do Troféu Brasil por equipes e campeão brasileira de saltos ornamentais. Como a senhora enxerga essa modalidade no Brasil.

FI: Apesar de ser um esporte olímpico, o salto ornamental não é um esporte tão popular no Brasil. Há um grupo pequeno de apreciadores de um esporte tão belo e ao mesmo tempo tão difícil. Precisamos criar mais espaços para que as crianças e jovens pratiquem outros esportes que não os mais tradicionais. No Brasil temos duas competições principais, a taça e o troféu Brasil.

BJE: Gostaria de encerrar essa nossa conversa, já agradecendo pela participação, e pedindo para que a senhora deixe uma mensagem para quem deseja praticar essa modalidade.

FI: O Esporte Clube Pinheiros é o único clube de São Paulo em que a modalidade é praticada, tanto para associados como para não associados. Há o pré-requisito da coordenação, que pode ser conseguido através de fundamentos da ginástica e ballet. É necessário coragem para realizar os saltos. É um esporte para quem gosta de superar seus desafios.

joao.victor.mendonca@usp.br