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As mudanças na técnica do Judô

 

As regras do judô sofreram grandes alterações ao longo dos anos e a última, em 2013, será a usada para as competições que ocorrerão em 2016. A mudança está modificando positivamente o mesmo. Antigamente, era um esporte mais de técnica e ippons (golpe que garante a vitória imediata) e por um bom tempo, esse encontrava-se com falta de dinamismo; as lutas eram vencidas por estratégias de anti-jogo, por pontuação por shido (penalidades) e kumikata (disputa de pegada)

Com as novas regras, o shido passa a ser apenas uma diferenciação de empate, o que modifica o dinamismo e requer mais técnica dos atletas.

Falando um pouco a respeito do judô, Jaime Benezi Monteiro (49), que treinou dos 6 aos 13 anos e foi campeão de torneios interclubes, vê o esporte hoje como muito diferente de sua época e nos conta um pouco a respeito da sua trajetória e a visão do atual judô.

Quantos anos você tinha quando começou a praticar judô? Por que você começou?

Eu tinha 6 anos completos. Tinha problemas de bronquite e por recomendações médicas eu deveria praticar natação ou judô. Optei por judô, pois o clube em que praticava (AcreClube) tinha um professor renomado e que praticava, o que me deixou interessado pelo esporte que ensinava disciplina e respeito próximo. Além de uma luta, era um esporte.

Como era a rotina do seu treino? Quanto você se dedicava?

Eu praticava três vezes por semana, entrava às 18h e saia às 22h. Eram 4h puxadas de treinamento, uma parte de exercícios fortes e depois de técnica do esporte.

Como foi sua maior conquista?

Na verdade, minha maior conquista foi uma ‘não conquista’. Em um torneiro zonal, que classificaria para os regionais, houve um erro de chaveamento e eu, por exemplo, disputei mais lutas do que deveria, mais do que o campeão, e sem tempo de descanso. Acabei disputando uma repescagem com um cara que já tinha lutado; era minha 4ª luta sequencial, sem descanso e acabei sendo desclassificado.

Acabei recebendo reconhecimento da Confederação de Judô, que viu me esforço e dedicação e percebeu o erro, porém não podia fazer nada. Fui um dos poucos a receber medalha de honra ao mérito.

O vencedor foi um outro judoca do meu clube. Meu técnico torcia para uma final nossa, pois éramos os melhores do clube.

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Medalhas e Troféus ganhos por Jaime Benezi (Foto: Karina Cucolo)

Você tinha alguma espécie de apoio financeiro, sem ser seus pais?

Não, não tinha. Era somente vontade própria e meus pais que me levavam para o treino. As vezes até empurrado [risos], pois eu gostava de ficar brincando na rua e não queria parar para ir treinar.

Por que você parou?

Eu tive um problema de saúde. Comecei a ter convulsões; tive três convulsões dos 12 aos 13 e os médicos me proibiram de lutar e praticar qualquer tipo de esporte. Além disso, os jogos zonais me desistimularam a continuar treinando, por causa dos erros ocorridos.

Qual sua relação com o judô atualmente?

Não pratico mais faz tempo, mesmo estando bem de saúde. Admiro quem continuou, porém o judô teve uma descaracterização enorme, por causa da forma de luta. Não tenho uma relação forte, não sei quem são os atuais campeões das categorias atuais, lembro de alguns antigos, como Aurélio Miguel. Acompanho de longe.

Pensei em voltar uma época por causa do meu filho, que estava com problemas respiratórios, mas desisti da ideia pois o judô exige disciplina, dedicação e forma física e não acho que tenho condições de voltar.

O que você acha do judô hoje em dia?

Acredito que ele descaracterizou muito da minha época para cá. Hoje em dia ele é uma luta mais de ‘empurra-empurra’ do que técnica. Quando vejo algumas lutas abertas eu me lembro mais do que eu praticava no início.

Não tenho mais prazer em ver, nem o Olímpico e nem os mundiais. Mas sinto falta dos golpes da minha época, com disputas mais por pontos do que por detalhes.

 (Por Karina Cucolo)