Crônicas

O fatídico 8 de julho de 2014

Rodrigo dos Santos Silva

Eu não sei como o caro leitor lida com as derrotas trágicas.Mas eu, bem… eu não costumo festeja-las.Aliás, vivo a me perguntar como algumas pessoas podem se divertir com isso.Ao invés de exaltarmos nossas conquistas, preferimos fazer chacota de nossa própria derrota.Eu gostaria de falar daquele 8 de Julho de 2014. Nós brasileiros, em todas nossas derrotas, sempre achamos um culpado. E isso parece servir como forma de alívio.Delegamos a culpa a uma determinada pessoa e nos sentimos melhor.Foi assim com o Ronaldo em 98, foi assim com Roberto Carlos e o seu meião em 2006, foi assim com Felipe Melo em 2010. Mas em 2014, se fosse para culpar alguém, deveríamos culpar os astros, o destino, os deuses do futebol…
Um ser humano comum não poderia carregar tamanha culpa! Nem mesmo o mais durão deles, que carregava no bigode todo o peso da obrigação de ganhar em casa e que em sua história, estava acostumado a apanhar da mídia e dar a volta por cima. Já se passou um ano, e eu ainda me vejo como os jogadores naquele dia dentro de campo, olhando pro lado… perdido… procurando uma explicação que simplesmente não existe. Nunca vi a reprise daquele jogo, mas me lembro a sensação ruim que cada gol me causou, pela primeira vez, vi meus olhos marejados por causa da seleção.Entendi que existem derrotas e existem vexames,percebi que mesmo um dos maiores vexames que já ouvi falar. A vitória do Uruguai na copa no mundo de 1950,pôde ser  facilmente superado, quando meu pai chegou em casa aquele dia, não falamos sobre o jogo (como era e ainda é de costume), não criticamos esquema tático, nem jogador A ou B. Simplesmente nos olhamos, com semblante triste, de quem sentiu o baque e nos abraçamos, e só não choramos, porque naquele momento, um sustentava o outro. Ninguém podia desabar. Minha mãe achava besteira, e eu a compreendo, ela não vive tão por dentro do futebol. Seria simplesmente impossível explicar a dimensão de todo aquele sentimento. Aqui em casa, não se trocou uma palavra sobre aquele fatídico jogo de 8 de Julho de 2014, ainda hoje, pouco se fala, muito se sente e nada se comemora! A dor a gente simplesmente respeita.