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Estádio Municipal Mie Nishi, o refúgio do beisebol no Brasil

Por Nathalia Giannetti

No dia 21 de junho de 1958,  aconteceu a inauguração, no bairro do Bom Retiro, do único local público no Brasil a oferecer beisebol: o Estádio Municipal de Beisebol Mie Nishi. “Foi uma homenagem aos 50 anos de imigração japonesa no Brasil. Nesse ato, tivemos a presença do príncipe Mikasa, na época, o irmão do imperador japonês”, conta Olívio Sawasato, diretor do Estádio. Além da presença da família imperial, a cerimônia de abertura também recebeu a equipe da Universidade de Waseda, tradição que se mantém viva até os dias de hoje.

Ao longo das décadas, foram sediadas várias disputas no complexo esportivo, algumas de cunho internacional, como os Jogos Pan-Americanos de 1963 na modalidade de Beisebol. “Aqui é um espaço específico para competições. Durante o ano acontecem campeonatos de grande porte, é basicamente concentrado tudo aqui”, diz Sawasato.

Mas as atividades do local não se dedicam apenas aos torneios. Durante a semana, é mantida uma escola de beisebol votada para todos os interessados. Alex Endo é um dos principais responsáveis por repassar os conhecimentos do esporte. Para ele, o beisebol foi fundamental para a construção de sua personalidade e agora seria o momento de retribuição. O instrutor é sensei do São Paulo Giants, também conhecido como São Paulo Gigante Beisebol, clube particular que, em parceria com a prefeitura, usufrui do espaço no Bom Retiro, tornando-se, assim, o “time da casa”.

Tradição japonesa

O Estádio Mie Nishi foi nomeado em homenagem à mãe do presidente da Federação Paulista de Beisebol na época, Isao Nishi. Apesar de ser um esporte trazido pelos norte-americanos, foi popularizado devido ao seu envolvimento com a comunidade japonesa. “A única diversão dos imigrantes japoneses que trabalhavam na parte rural era esse esporte, que era coletivo e eles praticavam lá”, conta Alex.

A cultura japonesa, então, está bastante atrelada ao beisebol e, por sua vez, ao Mie Nishi, que continua a receber tradicionalmente as equipes de Beisebol do Japão. A última vez em que isso ocorreu foi na comemoração dos 110 anos da imigração japonesa, em agosto de 2018, quando a própria Confederação Paulista convidou o time da Universidade de Waseda para jogos amistosos no Estádio.

Mas no Mie Nishi não há uma única modalidade esportiva a ser oferecida. Dentro desse complexo esportivo de 30 mil metros quadrado, há também um ginásio de sumô, com capacidade para 700 pessoas, uma quadra de softbol, variação de basebol para a terceira idade, e três quadras de gatebol, esporte que tem como objetivo lançar uma bola por baixo de arcos fincados no chão. Para Olívio Sawasato, isso faz com que esse seja um clube temático dos esportes japoneses.

 

A importância para o esporte

O Estádio Municipal tem um papel fundamental no incentivo à diversidade de práticas esportivas. “Nem todo mundo se dá bem ou tem talento para o futebol. Tem muita criança que gosta e vai procurar outra modalidade”, diz Alex. Ele comenta sobre a característica “familiar” do Beisebol, uma vez que em países como Japão e Estados Unidos é o primeiro esporte praticado pelas criança, devido a sua simplicidade. “Com três anos, ela já consegue fazer a sua rebatida”.

“O intuito não é vencer o jogo, mas vivenciá-lo”, comenta Alex. Para cumprir esse objetivo de incentivar a vivência do jogo, são organizado diversos eventos. Um deles é o Festival de Beisebol e Softbol Categoria T-ball, cuja 19º edição aconteceu nos dias 13 e 14 de outubro deste ano. Nessa ocasião, são convidadas equipes dos mais variados lugares do Brasil.

Uma delas é a dos filhos de Pedro Alexandre, João Pedro e Ana Clara, que jogam no Anhanguera e estavam em sua primeira visita ao  Estádio Mie Nishi. “Eu sempre passei pela Marginal Tietê e não conhecia, mas achei bárbaro. O esporte está se desenvolvendo e pelo fato de ser um esporte olímpico mais campos desses serão necessários”, conta o pai.

Conheça um pouco mais do Mie Nishi aqui.