Reportagens

Esporte por paixão

Por Stella Colacique

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Quando éramos crianças, fomos colocados em esportes por vários motivos e ao mesmo tempo, por nenhum deles. Vários de nós começamos muitos esportes diferentes sem nunca darmos continuidade a nenhum deles (e me incluo nessa porcentagem),  mas há aqueles que encontram no esporte uma paixão diferente, e levam isso para suas vidas adultas. Esse é o caso de Bruna Mourão.

Bruna é estudante do segundo ano de Relações Internacionais na Universidade de São Paulo. Ela faz estágio durante o dia, aulas da faculdade durante a noite, mas sempre acha tempo para sua grande paixão: o esporte. Jogadora de basquete, ela crê  que seu amor pela prática esportiva foi algo que veio da infância, e que hoje mudou sua vida a ponto de influenciar sua saúde.

“Sempre fiz esporte desde pequena, foi algo que sempre foi incentivado pelo meus pais. Eles me colocaram na escolinha de  esportes, fazia treino fora da aula, de fim de semana meu pai me levava para brincar com bola na quadra. Lá atrás, foi algo que  eles “plantaram a sementinha” e hoje é algo que eu gosto muito de fazer.”

“Hoje o esporte é algo que faz parte da minha vida. Se eu fico muito tempo sem treinar, eu começo a ficar com dor de cabeça e me sinto mal, preciso correr, fazer caminhada, andar de bicicleta, fazer qualquer coisa.”

Amante do basquete, Bruna pratica o esporte há 5 anos e, desde antes de entrar na faculdade, já sabia que precisava de um ambiente que praticava esporte. “Se eu entrasse em uma faculdade que não tivesse uma Atlética, eu me sentiria incompleta, porque é uma coisa que já faz parte de mim”.

Ao ser aprovada no curso de Relações Internacionais, Bruna teve a oportunidade de experimentar um pouco de todos os esportes, graças ao campeonato para calouros (chamado popularmente de Bichusp) e à infraestrutura oferecida pela universidade.

“Minha primeira experiência (no esporte universitário) foi o Bichusp. Participei de todas as modalidades que pude, porque, como tem pouca gente em RI, temos que fazer tudo o que pudermos pra ajudar”.

Agora, no segundo ano da faculdade, a futura internacionalista entrou para a chamada Seleção USP de basquete feminino, time com as melhores jogadoras da universidade, e passou a treinar com mais seriedade. “Esporte universitário é algo que eu gosto muito, e entrar na seleção da USP foi uma vitória pessoal, e eu fiquei muito feliz. Eu sentia falta de uma rigidez no esporte no IRI (Instituto de Relações Internacionais), porque o pessoal não leva tanto a sério. Para eles, esporte é uma brincadeira e para mim, é muito mais do que isso”.

A partir dessa convocação e de seu desempenho nos treinos da seleção, Bruna foi convocada para participar da delegação da USP para a 31ª Copa Unisinos, evento esportivo que reúne equipes esportivas de universidades do Brasil e do Exterior, sendo reconhecida como a maior competição esportiva universitária do Mercosul. O evento foi sediado no estado do Rio Grande do Sul entre 18 e 21 de outubro de 2018 e a delegação da USP ficou em quarto lugar no basquete feminino.

“A Unisinos foi meu primeiro campeonato pela seleção é foi muito diferente dos jogos universitários porque as pessoas levam a sério os jogos, é outra sensação. Se tem jogo no dia seguinte, meia noite já estão todos dormindo. É diferente de um inter que tem toda a parte das festas e das bebidas, a Unisinos é focada no esporte e na competição mesmo.”

Quando perguntada sobre o preconceito que mulheres ainda sofrem relacionado ao esporte, Bruna não hesitou ao responder que isso se deve ao padrão de beleza que foi imposto ao longo dos anos às mulheres, e que isso se deve ao padrão de beleza que foi imposto ao longo dos anos às mulheres, e que o estigma de que suar e não estar dentro dos padrões após um treino intenso ainda é difícil de ser quebrado. Ela fala um pouco mais sobre o basquete, por conhecer na pele a experiência:

“Quando criança, os meninos têm hábito de ganhar bola, as meninas, não. Na questão da beleza, as meninas se sentem incomodadas de suar, ficar com o cabelo desarrumado, sujo. (…) Os primeiros jogos que as mulheres puderam jogar nas Olimpíadas foi o tênis e o golfe, considerados de elite, e são esportes que não exigem um contato direto com o adversário.”

“Eu gosto bastante desse tema (direito das mulheres no esporte). (…) Eu sempre me dei bem, as meninas sempre reclamaram que eu era muito forte, muito agressiva, então eu sempre treinei na escola com os meninos. (…) O basquete não é considerado um esporte muito feminino, não são muitas meninas que gostam de jogar, eu percebo um pouco essa questão da dificuldade.”

“É um esporte mais intenso, forte (quando comparado com o vôlei). Afasta um pouco as meninas por conta da construção histórica de que mulheres devem estar sempre bonitas. A beleza no pós-treino é muito mais forte na mulher do que no homem, e isso aparece desde criança. Mas comigo nunca foi assim, eu saio do treino e vou para onde precisar ir”.