CrônicasNA ACADEMIA

Futebol perde para COVID-19

Por Edwaldo Costa

Quem pensou que a pandemia do novo corona vírus fosse se restringir às áreas de saúde e economia, enganou-se.

Também o lazer e as paixões do brasileiro sofrem com os reflexos dessa epidemia avassaladora que mata aos milhares em qualquer parte do mundo. E mata, também, as finanças dos clubes brasileiros.

Há muito se comenta a falta de profissionalismo na gestão dos clubes de futebol do país. Não poucos os que apresentam dívidas astronômicas, especialmente com a Previdência Social. Também não são poucos os que penam na Justiça Trabalhista.

Agora, com a paralisação dos Campeonatos Estaduais e competições continentais, os clubes se vêem à míngua. Sem a renda das bilheterias – movida pela paixão dos torcedores -, os clubes estão à beira do precipício financeiro.

Alguns conseguiram renegociar salários com seus jogadores e demais funcionários, mantendo, assim, os empregos de atletas e colaboradores. Outros, no entanto, dispensaram colaboradores, agravando a crise econômica, pois a massa de mão-de-obra ociosa só faz crescer com a pandemia.

É relação direta: sem bilheteria, sem dinheiro para manter a folha de pagamento.

E também sem direitos de transmissão, normalmente negociados com emissoras de TV e rádio, que também rendem cifras que contribuem para saldar os compromissos dos clubes.

Os programas de fidelização dos torcedores, tornando-os sócios contribuintes, se mostram insuficientes e até vão minguando durante essa crise, uma vez que a paixão esfria por falta de jogos.

E a crise não terminará com a retomada gradativa das atividades. A pandemia imporá redução drástica no número de torcedores por partida, uma vez que o distanciamento entre aqueles que forem acompanhar uma partida será imposto, diminuindo o dinheiro amealhado nas bilheterias.

Até parece que os clubes estão em mato sem cachorro que os guie… A profissionalização da gestão e o fim dos salários mirabolantes se mostram iminentes. Não por opção racional, mas absoluta questão de sobrevivência.

Só assim para salvar o futebol.

Edwaldo Costa possui pós-doutorado pela ECA-USP e atualmente é jornalista do Centro de Comunicação Social da Marinha do Brasil.