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Entrevista com o senhor José Carlos Ferreira Morais

Quem vê o senhor Carlos Ferreira Morais, paulistano de 59 anos, acha que ele é apenas mais um pai de família e cidadão comum, dentro da selva de pedra que é a cidade de São Paulo. Basta apenas alguns momentos de diálogo com ele para notarmos o quanto sua vida foi especial. Nessa fantástica entrevista ele revela ter jogado ao lado de Garrincha, mostra toda sua paixão pelo esporte e é enfático: o futebol de antigamente era melhor. Confira abaixo:

Como o senhor se interessou pelo futebol e quanto tempo praticou frequência?

Interessei-me pelo futebol desde criança. Eu morava numa fazenda e não tinha outra diversão; pegávamos uma bola de meia e começávamos a brincar. Pratiquei futebol durante minha vida toda, mas com freqüência mesmo, jogando em times, desde meus 12, 13 anos até agora, com 59 já, eu jogo futebol.

Qual sua história mais marcante e quais os seus ídolos mais importantes dentro do futebol?

História que eu tenho foi a época que eu jogava no time da Globo, fazendo jogo beneficente pelo interior, e a gente se divertia muito. Iam muitos ex- profissionais junto com a gente, o Osmar Santos jogava junto com a gente, era muito gostoso o ambiente, então foi uma época boa que a gente gostava muito de fazer esses jogos. Os ídolos mais importantes? Pelé com certeza, mas tem muitos que jogaram futebol. Hoje em dia têm poucos, é que o pessoal atualmente só conhece o momento atual do futebol. A gente que é mais da antiga tinha o Ademir da Guia também, Rivelino, Tostão, tinha gente muito boa. Edu, que com 16 anos jogava a copa de 66, pela Seleção Brasileira, e que pra mim foi o maior driblador do futebol brasileiro. O Garrincha cheguei a jogar com ele também, jogo beneficente, Garrincha era um moleque, muito divertido e não tinha maldade nenhuma, então eu lembro desses aí mas tem muitos, que se a gente for enumerar não paramos de falar hoje. Tem o Neymar atual, o Robinho, o Messi hoje joga bem, Maradona foi um craque, Cruyjff, todos esses eu acompanhei. Minha vida foi quando não estava jogando assistir futebol, então eu sou uma pessoa que sempre esteve atenta ao movimento do futebol mundial. Cruyjf, Messi, Maradona, muita gente boa que é difícil falar todos.

Como o senhor vê o futebol hoje, comparado a quando começou a praticar?

É, o futebol hoje o jogador não tem a liberdade de jogar como tinha antigamente, não são todos os jogadores que tem liberdade de criação, hoje em dia são todos robotizados, jogam dentro de um esquema, não são todos que tem a liberdade de se soltar, jogam presos num esquema. Acho que não se compara a antigamente, a liberdade que tinha, a criatividade existia muito mais, era mais bonito antigamente. Hoje em dia é muita troca de bola e pouca individualidade que eu acho que o que faz a festa no futebol, são os jogadores que individualmente desequilibram, e são poucos hoje,tem o  Messi, o Neymar, olha dá pra contar nos dedos, então tem muita diferença, eu preferia o futebol de antigamente.

Qual a importância do esporte na sua vida?

Nossa, a importância do esporte para minha vida, foram, olha, os amigos que eu fiz, o que eu aprendi de vida, eu vivi num meio complicado porque no futebol a gente conhece todo o tipo de pessoa, tem que saber escolher quem você deve ter como amigo, quem você deve estar jogando dentro do campo, a convivência, você deve saber com quem você vai conviver, então foi uma lição de vida mesmo, saber escolher. Eu sou uma pessoa que vivi num meio complicado do futebol, inclusive futebol de várzea. A droga corria para todo lado, e eu sou uma pessoa que nunca fumei, nunca usei droga e nunca bebi. Então você tem que ter noção do que está fazendo, não se deixar envolver pelos outros. Então, aprendi muito com isso, e acho que a grande lição foi essa: saber direcionar a minha vida.

(Por Matheus Aquino e Eduardo Oyadomari)