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A descoberta de um novo esporte

Do futebol ao atletismo, surge a paixão por uma nova modalidade.

Gabriel Delgado Gurgel, 16 anos, é um meio-fundista nato. Fanático por futebol (torce para o São Paulo F.C., mas como todo piracicabano adora o XV), acabou por ingressar no atletismo em 2013 e fez da prova de 5000m sua especialidade. Desde então, tem vencido, em sua categoria, diversas corridas de rua na região de Piracicaba com tempos melhores do que muitos atletas adultos. Já treinou no XV e no SESI, pelo qual pontuou nos jogos juvenis estaduais.

Nesta entrevista concedida em outubro, Gabriel conta porque começou a treinar atletismo após anos jogando futebol e quais são seus ídolos nesse novo esporte. “Descobri que treinar em grupo é muito melhor” diz, tendo começado a correr sozinho. Ele espera continuar a treinar na universidade e, claro, continuará acompanhando o XV de Piracicaba, “a cidade se mobiliza quando tem um jogo contra time grande”.

Gabriel, o que o atraiu para o atletismo?

Uma das principais causas para eu começar a correr especialmente (já que no atletismo o que mais fiz foi focar na corrida, não no salto em distância nem em outra prova) foi começar a observar a empolgação das pessoas, a felicidade e união dos treinos em conjunto. Aí eu comecei a perceber que os corredores, os atletas, eram muito felizes e resolvi ir treinar para ver o porquê disso. Quando eu treinava sozinho era muito bom, muito bom mesmo, mas quando comecei a treinar em grupo descobri que é muito melhor. Acho que isso foi muito importante, crucial essa empolgação transmitida de um para o outro.

Quais são seus ídolos, suas referências no esporte?

Boa pergunta… tenho referências aqui do Brasil e do exterior. Falando do exterior, são especialmente dois nomes: o Mo Farah, que é britânico, e o Eliud Kipchoge, queniano. O Kipchoge venceu cinco das seis maratonas que ele disputou! E a mais famosa foi essa última, a de Berlim, que ele correu com um tênis (acho que da Nike, se não me engano) com a palmilha para fora a maratona inteira e ganhou a prova com um tempo de 2 horas e 4 minutos.

…E no Brasil?

Bem, são dois: o Daniel Chaves, que é o recordista de 2015do Brasil nos 10000m. Não sei o tempo exato, mas me espelho muito nele; e meu treinador, que tem 62 anos e ainda treina diariamente.

Gabriel após uma de suas vitórias (Acervo Pessoal)
Gabriel após uma de suas vitórias (Acervo Pessoal)

Onde se pode começar a praticar o atletismo em Piracicaba?

Em Piracicaba temos vários lugares. Um deles é o Barão de Serra Negra, estádio público onde o XV manda seus jogos. Lá é um lugar muito bom porque você tem acompanhamento da prefeitura e treinadores para o mirim, adulto e categoria idosa; tem a Cruzeiro do Sul, que é uma avenida ao lado do rio, onde tem uma área de terra para treinar; na rua do Porto, que é muito legal e muita gente treina lá (inclusive o Cielo [nadador] disse a uma revista que era um dos seus lugares preferidos quando tinha tempo livre); e a ESALQ (escola superior de agronomia Luiz de Queiroz), da USP, uma área com muito verde, estradas de terra e de asfalto e que possui um ambiente legal por ser um ambiente universitário.

Falando em ambiente universitário, você pretende continuar a praticar o atletismo quando ingressar na universidade? E o que você acha da estrutura e divulgação do esporte universitário no Brasil?

Sim, pretendo continuar com o atletismo.

Em relação à segunda pergunta, acho o seguinte, que no Brasil a divulgação do esporte universitário é muito fraca quando comparada, por exemplo, com a dos EUA. Uma coisa muito interessante é que pessoas de vários países vão para lá por conta do esporte nas universidades para ganhar bolsas, pois há universidades muito boas com bolsas para esses atletas. Aqui no Brasil eu conheço dois Campi universitários, o da USP na capital, onde eu achei interessante [a estrutura para prática de atletismo], e o da UNESP em Guaratinguetá (onde meu irmão estuda), que achei muito fraca [a estrutura para esportes], não há muitos ambientes para praticar esportes lá.

Por fim, gostaria de saber: você torce para o XV de Piracicaba? Qual a relação da cidade com o time?

Torço, torço muito e vou em muitos jogos. A cidade, quando tem um jogo do XV, ela se mobiliza, especialmente contra times grandes daqui de São Paulo. E é muito legal, pois não há clima de rivalidade (longe disso), o clima é de amizade, todos se unem para ir ao estádio. Acho isso muito legal, a contemplação do esporte.

(por Lucas Paiva Delgado)

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