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Gracie Kelly Vieira Tavares e a perspectiva de uma atleta universitária em um esporte ainda pouco visto

*Gabrielle Gentile e Leonardo Penna

 

Na terça-feira (12), foi realizada uma entrevista com a atleta Gracie Kelly Vieira Tavares, natural de São Paulo, que atua pelo time universitário Poli Athena Rugby. A entrevista foi conduzida pela aluna Gabrielle Gentile.

Gabrielle: Conte como você descobriu a modalidade e como é estar no time da Poli.

Gracie: Eu já tinha jogado uma vez rugby flag na escola, quando entrei na poli eu queria um esporte diferente e um amigo sugeriu o rugby. Fui no treino e estou até hoje no time. Acho que estar em um time na poli é um certo privilégio porque temos mais estrutura do que outros institutos menores e tem uma certa competição universitária.

Gabrielle: Fale sobre o que você mais gosta no esporte.

Gracie: Eu gosto que é um esporte de contato, mas não se resume nisso, você precisa de comunicação, estratégia e muito condicionamento físico.

Gabrielle: Como sua família, amigos e namorado encaram o fato de você jogar rugby? Você tem apoio deles?

Gracie: Meu namorado joga rugby na poli também e ‘super’ me apoia, já meus pais não curtem muito, gostaria que eu fizesse outro esporte com menos contato.

Gabrielle: Você se vê continuando a jogar rugby mesmo depois da faculdade?

Gracie: Provavelmente não, porque eu sei que é um esporte que exige um pouco mais, não teria mais tempo.

Gabrielle: Cite memórias valiosas que você tem dos seus momentos no rugby.

Gracie: Acho que o momento mais valioso que eu tive do rugby foi quando a gente ganhou a medalha de terceiro lugar contra a FEA, ano passado, na InterUSP. A gente começou perdendo, aí não sei de onde a gente tirou forças, sem banco nenhum, porque todas as meninas iam jogar futsal e acabaram saindo por conta de conflito e as outras duas que sobraram no banco se lesionaram, e acabou que tiramos forças assim para virar o placar. Então foi muito maravilhoso esse momento.

Gabrielle: Como é sua relação com o técnico e o time?

Gracie: A minha relação com o técnico é muito boa, a gente sempre brinca e ‘tals’, com muito respeito. E, minhas colegas de time, eu adoro as minhas meninas.

Gabrielle: Como você vê o panorama do rugby na modalidade feminina? Ainda há muito preconceito? Você sente que há uma diferença gritante entre a modalidade masculina e a feminina?

Gracie: O rugby ainda sofre muito preconceito, principalmente porque as meninas pensam que precisam ser muito fortes, muito grandes, o que não é verdade. O rugby é para qualquer tipo de corpo e isso tem muita diferença do masculino para o feminino, porque no masculino, se o menino quer fazer rugby, ele faz, independente do porte físico dele, já as meninas nem cogitam, dizem que não têm nem biótipo para isso. Então a gente sofre muito com ‘bixetes’, porque é muito difícil convencer uma menina que é tranquilo, que você vai ter uma parte de ensinamento, como cair no chão, como se defender, como tacklear e até você convencer a pessoa disso, demora um tempo.

Gabrielle: Cite pontos negativos do rugby.

Gracie: Os pontos negativos do rugby é que não é um esporte conhecido, então a gente gasta muito tempo para chamar as pessoas para jogar e fazer um time. Isso acaba desgastando um pouco. E precisa de muito, muito físico, muito mesmo.

Gabrielle: Você sente que falta muito a evoluir dentro do esporte?

Gracie: Mesmo com pouco tempo de treino eu consegui participar de campeonatos universitário, paulista e brasileiro, mas mesmo assim ainda tem que melhorar muito. O bom de você jogar com outras modalidades, em outros níveis, é que você acaba aprendendo muito mais e isso é bem legal. Então, sim, eu preciso evoluir muito ainda dentro do esporte.

Gabrielle: Ao final dessa entrevista, como você se sente ao relembrar da sua trajetória no rugby?

Gracie: Nossa, é muito bom! Desde o começo eu peguei o final de uma era do Athena, de jogadoras, muito, muito boas, que ganharam muito. E aí eu entrei em toda a parte de reestruturação de time. Teve uma época que só tinha a minha pessoa, eu era todas as posições ao mesmo tempo, e aí depois vieram as ‘bixetes’ e hoje a gente tem um time que pode competir, então é uma coisa que eu me orgulho bastante.

FOTO: arquivo pessoal (Gracie Kelly Vieira Tavares)

 

* Gabrielle Gentile e Leonardo Penna são estudantes da disciplina Jornalismo Esportivo: a pauta além do futebol