De Barras a Pirâmide: A jornada da Campeã mundial de Ginástica Acrobática, Mari Fortunato, ao Cheerleading de alto nível
* Ana Beatriz Araújo e Victória Dellú
A relação de Mariana Fortunato com o esporte não começou nos dias atuais. Natural de São Paulo, atualmente com 27 anos, Mariana é campeã mundial de ginástica acrobática pela seleção brasileira e hoje cheerleader, seu envolvimento com o esporte começou desde cedo, já que sua família sempre fez parte desse universo. Seu pai e tios eram do atletismo e seus irmãos mais velhos já fizeram ballet e futebol. Mariana sempre gostou de acrobacias e era muito flexível, então a vontade de explorar seu potencial aliada ao incentivo familiar a levaram para a ginástica artística com apenas 6 anos.
Dos 6 aos 13 anos, a atleta viveu entre barras e traves. No início, o esporte era apenas uma diversão, um momento de se encontrar, mas, com o passar do tempo, os professores enxergaram grande potencial em Mariana e a carreira profissional foi se tornando uma realidade. A família chegou a se mudar para Guarulhos para ter melhor acesso aos treinos e ao ginásio.
Porém, Mariana conta como a pressão a fez mudar de modalidade: “no começo [a cobrança] foi mais dos técnicos comigo, mas, depois de tanto receber cobrança, eu passei a me auto cobrar demais”. Ela se via em constante disputa pelo primeiro lugar – tanto em competições quanto entre os demais atletas – e em busca pela perfeição. Essa pressão em uma garota de pouca idade gerou uma insegurança e medo de errar, prejudicando seu desenvolvimento. Assim, aos 14 anos, calculou a rota e direcionou sua paixão para a ginástica acrobática.
Mariana encontrou um ambiente de menos cobrança, “eu fui para a Ginástica Acrobática com a mentalidade que eu tinha da Ginástica Artística: ser a melhor, ser a perfeita, você só vai conseguir ser alguém se você for a top 1 […] Quando eu cheguei na acrobática minhas técnicas diziam: Mari, não precisa ser assim, não precisa se cobrar tanto” e isso a fez melhorar o aproveitamento das habilidades que já tinha, a levando para a Seleção Brasileira. Para o campeonato mundial, cada país podia levar dois representantes, cuja seletiva era feita através do campeonato brasileiro. A atleta foi campeã brasileira de 2011 e isso lhe concedeu um lugar no Campeonato Mundial de Ginástica Acrobática de 2012, do qual ela também foi campeã. Mariana chegou a ser uma das 20 melhores atletas mundiais da categoria.
Como todo atleta de esportes olímpicos, Mariana também sonhava com as Olimpíadas, principalmente quando estava na Ginástica Artística, mas a forte competição fez com que suas metas fossem diminuindo, até deixar o esporte em 2017. Depois de tantos anos no esporte, a ex-ginasta diz que sente falta da disciplina e da constância que os treinos intensos exigia. Além disso, o senso de equipe era incomparável: as práticas em duplas e trios que permaneciam iguais por anos construíam relações profundas, eram como uma família. “Um depende do outro, então há um comprometimento muito maior “.
A história de Mariana com o esporte não acaba por aí. Em 2018, ela conheceu o cheerleading sideline do clube de futebol Palmeiras. Essa prática consiste em animação de torcida, com elementos de dança e mais performáticos, famosa em ligas americanas como NBA e NFL. Ela logo se interessou e entrou em contato com os atletas do time, conseguiu participar de um dos treinos e foi convidada para ser parte da equipe. Posteriormente, no início de 2022, Mariana conheceu e começou a praticar a variação modalidade esportiva do cheerleader, o cheerleading all star, que, inclusive, está sendo cogitado para as Olímpiadas de 2028, em Los Angeles.
Mariana vê essa nova fase de cheerleader, como uma superação, pois aprende coisas novas e se permite errar. Sua maior conquista foi realizar o movimento de stunt nível 5 no campeonato Arnold e o 11º lugar no CheerFest, o maior campeonato de cheerleading do Brasil, que na edição deste ano foi a nível Internacional, em que ficou feliz em se ver e ver sua equipe praticando e competindo. Ela considera esse novo esporte como um hobby, mas não descarta seu lado competitivo e quer continuar mostrando seu potencial e ajudando outras pessoas a darem seu melhor.
O esporte na vida de Mariana foi transformador, permitiu que ela estudasse em escolas particulares através de bolsas de estudos, lhe deu acesso à faculdade e hoje, além de continuar sendo seu maior hobby, é também sua profissão, atuando como profissional de marketing esportivo.
FOTOS: Arquivo pessoal (Mariana Fortunato)
* Ana Beatriz Araújo e Victória Dellú são alunas da disciplina Jornalismo Esportivo: a pauta além do futebol na ECA-USP