NFL começa temporada ampliando uso dos Guardian Caps pelos jogadores
Fabricante diz que podem reduzir em mais de 50% chances de concussão nos atletas; Médicos ainda têm dúvidas sobre o percentual
Começou a temporada 2024-2025 da National Football League (NFL), liga de futebol americano, e, novamente, surge a preocupação com a saúde dos atletas que disputam a modalidade. O tema já foi abordado inúmeras vezes pela imprensa e, até, no cinema.
Agora, jogadores de quase todas as posições estão liberados para usar durante as partidas a proteção extra, chamada de Guardian Caps, espécie de espuma que recobre externamente o capacete.
A experiência é desenvolvida desde 2017 com a fabricante, Guardian Sports, que alega redução do impacto na cabeça do jogador.
No site da empresa há depoimentos de especialistas e do staff da NFL que afirmam ser o artefato responsável por diminuir em mais de 50% as chances de uma concussão (lesão no cérebro que pode provocar, entre outros sintomas, a perda de memória).
A fabricante diz que “sempre defendeu o fato de que os Guardian Caps reduzem o impacto dos golpes e que o seu uso deve ser uma peça do quebra-cabeça para uma estratégia geral de segurança”.
Apesar de a notícia ser boa para a saúde dos atletas, ainda restam algumas dúvidas em relação à proteção efetiva contra as concussões.
Em uma reportagem no The New York Times, no último fim de semana, Gina Kolata, jornalista que cobre o setor de Saúde para a mídia norte-americana, ouviu especialistas em traumatismo craniano e em Neurologia.
O resultado é que médicos consultados pela repórter não estão tão convencidos e dizem que o Guardian Caps protege contra lesões na cabeça, como fraturas, por exemplo, mas eles têm dúvidas sobre o grau de eficácia na prevenção de concussões.
A boa notícia é que a proteção nos capacetes pode ajudar a prevenir a Encelofalopatia Traumática Crônica (CTE), uma doença degenerativa progressiva do cérebro.
A CTE ficou mais conhecida após a divulgação do longa-metragem Consussion (Um homem entre gigantes, título no Brasil).
Provocada por lesão cerebral após anos de pancadas na cabeça, a CTE é mostrada no filme norte-americano de 2015, protagonizado por Will Smith e veiculado no Brasil pela Netflix e pela Amazon Prime Vídeo.
Baseada em uma história real, a obra narra o trabalho do médico nigeriano Bennet Omalu, neuropatologista que, nos anos 2000 investigou a causa da morte de um jogador aposentado da NFL.
Após examinar outros casos que envolviam jogadores, conclui que a prática do esporte deixou, em alguns, um severo trauma no cérebro devido às pancadas durante os treinos e partidas.
O médico torna pública a informação e trava uma briga com a poderosa NFL para que a entidade adote medida de proteção dos jogadores.
A inquietação com a saúde dos atletas também está presente na série Ballers, produção norte-americana da HBO e exibida no Brasil pelas operadoras Max e Netflix.
A série é de 2015, tem cinco temporadas e é protagonizada por Dwayne Johnson (de nome artístico, The Rock).
Os episódios abordam os bastidores da NFL e tocam, também, nos problemas enfrentados pelos atletas quando se aposentam como a saúde física, mental e financeira, entre outros.
Aos poucos a tecnologia vai sendo desenvolvida com objetivo de proteger os atletas que, no caso da NFL, sofrem com fortes pancadas tanto nos treinos quanto durante os jogos. E que as dúvidas sobre o tema provoquem cada vez mais pesquisas.
Conheça mais:
Guardian Sports, 2024. Disponível em: https://guardiansports.com/
The New York Times. Gina Kolata. The N.F.L. Now Allows Helmet Caps. Do they work?, 2024. Disponível em: https://www.nytimes.com/2024/09/15/briefing/nfl-guardian-caps.html
Consussion (Um homem entre gigantes) [resenha]. EUA, 2015. Biografia com 122 minutos. Direção: Peter Landesmen. Centro de Divulgação Científica e Cultura da Universidade de São Paulo. Disponível em: https://cdcc.usp.br/um-homem-entre-gigantes/
* MARCELO CARDOSO é jornalista, biógrafo, professor e produtor de podcast. Também pesquisa o jornalismo em suas várias interfaces com o esporte.
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