POR OUTRO ÂNGULO

Cadê o respeito às minas?

O time de futebol feminino do Corinthians atingiu um feito que nenhum outro time brasileiro conseguiu. Tornou-se ontem, 19 de outubro de 2024, pentacampeão da Copa Libertadores. E quando digo nenhum, estou incluindo a categoria masculina da modalidade. Acredito que ainda vai demorar muito para que outra agremiação brasileira chegue perto dessa façanha. Mas o que deveria ser motivo de comemoração acabou se tornando um grito de protesto.

Logo após o título, as jogadoras divulgaram um vídeo reclamando da organização da competição. Entre as queixas estavam: mudança de sede de última hora, falta de divulgação, campos ruins, risco de lesões, apenas 20 atletas inscritas no torneio, jogos a cada 3 dias, estádios vazios, proibição de aquecimento no campo de jogo e estrutura precária.

O último Mundial da FIFA de futebol feminino foi um fenômeno de público e visibilidade. Parece que, finalmente, a entidade máxima do futebol percebeu que o futebol feminino também é um esporte altamente rentável, tecnicamente bem jogado e emocionante. Mas, já a Conmebol parece ignorar o visível avanço do futebol feminino.

A Conmebol anunciou que a final da Libertadores masculina será a mais bem paga do mundo. A premiação será de R$ 1,13 bilhão, e o campeão receberá cerca de R$ 115 milhões. O time feminino do Corinthians embolsou R$ 11,6 milhões pelo título, ou seja, 10% da premiação que será dada ao campeão masculino.

Não é mais admissível que o futebol feminino na América do Sul seja tratado dessa forma. O time das Brabas do Corinthians colocou quase 45 mil pessoas em seu estádio para assistir à final do Campeonato Brasileiro Feminino no mês passado. Foi o recorde de público da modalidade aqui em nosso continente. A Conmebol, com sua imensa incapacidade de gerenciamento, desperdiça a oportunidade de desenvolver o futebol feminino na região e, pensando em termos de negócios, também deixa de faturar com a péssima promoção do evento.

É sempre importante lembrar que a próxima Copa do Mundo de Futebol Feminino acontecerá no Brasil. Faltam apenas três anos para o início do torneio, e espero que, até lá, a Conmebol já tenha aprendido a respeitar as minas.

* Emiliana Ramos é publicitária e escritora