Invictus

Invictus, lançado em Dezembro de 2009, foi dirigido por Clint Eastwood e estrelado por Matt Damon e Morgan Freeman. O filme é caracterizado como do gênero drama de esportes e é baseado no livro de John Carlin, o qual narra a história verídica de como o esporte, mais especificamente o rugby, corroborou para unir a nação sul africana.

Morgan Freeman tem a grande responsabilidade de interpretar o mundialmente conhecido Nelson Mandela, líder e pacifista sul africano que foi o grande responsável por acabar com o apartheid e, consequentemente, colocar um fim na segregação racial vivenciada por tantos anos na África do Sul. Depois de permanecer na cadeia por incríveis 27 anos, Nelson Mandela lidera o movimento para acabar com a segregação racial do país e consegue brilhantemente atingir o seu objetivo. Porém, mesmo depois de acabar com as políticas racistas do país, Nelson observa que ainda existe muito preconceito em ambas as partes, tanto dos brancos perante os negros, quanto dos negros perante os brancos.

É nessa conjuntura que entra Matt Damon, que interpreta o capitão da seleção sul africana de rugby (conhecida como Springboks), François Pienaar. Nelson Mandela teve a brilhante ideia de que o esporte poderia ajudar a acabar com os preconceitos existentes entre negros e brancos, já que o esporte possui a brilhante característica de unir pessoas em torno de um objetivo em comum. Assim, Nelson se dirige a Pienaar para explicar para o capitão a importância da copa de mundo de rugby para a nação sul africana, a qual seria sediada em 1995 na África do Sul.

O filme, portanto, mostra ao mesmo tempo a preparação da seleção para a copa do mundo e as ainda mazelas do racismo no país, como por exemplo, os negros não torcerem ativamente para a seleção de rugby, já que esse esporte era visto por muitos como um esporte praticado apenas por uma elite branca.

A tão aguardada Copa do Mundo começa e é nítido que mesmo a sediando, ainda existe uma grande hesitação por parte dos negros de torcerem pela seleção do próprio país. O interessante, então, é notar a clara mudança de postura por parte dos torcedores a medida que a seleção sul africana vai se classificando para as próximas fases. Aqui vale comentar o quão lindo é ver como o esporte tem a capacidade de unir diferentes raças e povos em torno de um bem maior. Esse fato é, alias, demonstrado soberbamente nesse filme.

Finalmente, Pienaar (Matt Damon) lidera o seu time para a final do campeonato mundial, contra os imbatíveis e tidos como os melhores do mundo, os All Blacks, a seleção da Nova Zelândia. O filme, então, mostra esse brilhante duelo, no qual os Spingboks são tidos unanimemente como os mais improváveis a levarem a taça de campeão.

Uma cena emblemática, ao meu ver, é quando logo antes da partida, a equipe de segurança de Nelson Mandela recebe um susto, quando um avião sobrevoa o estádio de perto. Porém, essa não era um atentado terrorista contra o presidente, mas sim, uma demonstração de patriotismo, já que o avião levava consigo uma faixa dizendo “Boa sorte, Bokken” (apelido da seleção sul africana).

A partida, então começa e, como todos já esperavam, foi duríssima, já que de um lado tinha a motivada seleção da casa e do outro a seleção da Nova Zelândia, tida como imbatível. O jogo vai para a prorrogação e após um chute espetacular de Joel Stransky, a parida acaba com um placar de 15 a 12 para a seleção da África do Sul. A nação inteira comemora, tanto negros como brancos, mostrando que mais um passo contra a segregação racial foi vencido.

Logo após o término da partida, Nelson Mandela desce para o gramado para cumprimentar Pienaar pela vitória e comemorar juntos a improvável e inesperada vitória. Em seguida, Mandela entra no seu carro e enquanto tenta passar pelas ruas lotadas de fãs comemorando a vitória, canta o poema que levou como lema durante toda a sua fase de superação, denominado Invictus.

(por Pedro Araujo)