Alonso, com 400 GPs, é o maior exemplo do excesso da F1
Comparamos os 400 GPs da “era Alonso” com os primeiros 400 GPs da F1 para mostrar como a F1 ficou mais fechada ao longo do tempo
Incluindo o México, 400 GPs foram realizados desde a estreia de Fernando Alonso na F1. Alonso estreou no GP da Austrália 2001 e realizou sua 396ª corrida. Numa comparação com os primeiros 400 GPs disputados, é impressionante como a Fórmula 1 se tornou fechada e aqo mesmo tempo umn ícone da sociedade do excesso.
Fechada porque apenas 123 pilotos participaram da F1 na “era Alonso”. E também exagerada no número de GPs por temporada. A combinação disso resultou em acumulação de vitórias e títulos por poucos pilotos. Nos primeiros 400 GPs, a F1 teve 581 pilotos.
Nos primeiros 400 GPs (Inglaterra 1950 a Áustria 1984) somente três pilotos participaram de mais de 150 corridas: Graham Hill (175), Niki Lauda (153) e John Watson (151). Chamemos esse período de “era Hill” para comparar….
Na “era Alonso” (Austrália 2001 a México 2024), só 18 pilotos fizeram mais de 175 GPs, o máximo da “era Hill” e três fizeram mais de 300 corridas: Alonso (396), Lewis Hamilton (351) e Kimi Raikkonen (349). O último é Grosjean (179 corridas). Porém, vejam o excesso a seguir.
Na “era Alonso”, nada menos de cinco pilotos passaram das 27 vitórias de Stewart, que foi o máximo da “era Hill”: Hamilton (105), Verstappen (61), Vettel (53), Schumacher (47) e Alonso (32). O número de vitórias explodiu! Mas as vitórias ficaram concentradas em poucos pilotos.
Na “era Hill”, o máximo de acúmulo de título foi de Fangio (5 vezes). Jack Brabham, Stewart e Lauda* ganharam 3 títulos. Na “era Alonso”, tivemos dois heptacampeões: Schumacher e Hamilton (7 vezes cada). E dois tetras: Vettel e Verstappen* (*incompletos).
Tudo isso para mostrar que a F1 se tornou exagerada (em GPs por temporada e números de vitórias e títulos), porém muito mais fechada e seletiva (em número de participantes e vencedores). Só que isso não começou com Alonso. Vamos ver os 400 GPs seguintes à “era Hill”.
Do GP 401 (Holanda 1984) ao GP 800 (Singapura 2008) já havia tendência ao exagero. Foi a “era Schumacher”, que teve só 172 pilotos, mas 8 superaram as 175 largadas da “era Hill”: Barrichello (265), Michael Schumacher (249), Coulthard (243), Berger (209), Fisichella (209), Alesi (201), Trulli (196) e Ralph Schumacher (180).
Quatro pilotos acumularam mais de 27 vitórias: Michael Schumacher (91), Senna (41) Prost (38) e Mansell (31).
Os 400 GPs da “era Hill” duraram 35 temporadas. Os 400 GPs da “era Schumacher” duraram apenas 24 temporadas, bem como os 400 GPs da “era Alonso”, também com 24 temporadas. Tem cada vez mais corridas na F1 e carreiras longuíssimas, mas quem ganha acumula muito.
* Sérgio Quintanilha é jornalista e doutor em Ciências da Comunicação pela ECA-USP