Federação Desportiva Feminina Internacional e os Jogos Olímpicos das Mulheres

Você sabia que já existiu uma competição esportiva, nos moldes dos Jogos Olímpicos, exclusiva para mulheres?

Entre 1921 e 1936 existiu uma entidade chamada Federação Esportiva Feminina Internacional (FSFI), que promoveu quatro edições dos Jogos Mundiais das Mulheres.

Quando os Jogos Olímpicos modernos foram criados pelo Barão Pierre de Coubertin no final do século XIX, tanto ele, quanto os outros membros do Comitê Olímpico Internacional não viam com bons olhos a participação de mulheres em eventos esportivos públicos. Com isso, elas não participaram da primeira edição dos Jogos, em Atenas 1896, e tiveram uma presença muito limitada nas edições seguintes.

No começo do século XX, a francesa Alice Milliat, que era praticante do remo e do futebol, era uma importante voz sobre os direitos das mulheres, questionando o papel de submissão social que elas tinham perante os homens. Ela acreditava que o movimento sufragista traria aceitação e reconhecimento para as mulheres também no meio esportivo.

Milliat lutava, por exemplo, para que o COI e a Federação Internacional de Atletismo Amador (IAAF) incluíssem provas de atletismo para as mulheres em suas competições. Diante da rejeição aos seus pedidos, em 1921 ela criou a Federação Esportiva Feminina Internacional para promover o esporte entre as mulheres.

A FSFI então organizou quatro edições dos Jogos Mundiais das Mulheres: em 1922 na França, em 1926 na Suécia, em 1930 na República Tcheca, e em 1934 na Inglaterra. Ao todo, mulheres de 12 países competiram em mais de 20 eventos (principalmente de atletismo) nestas edições.

O sucesso da competição foi tão grande e chamou tanta atenção (na primeira edição, mais de 20 mil pessoas foram acompanhar o evento), que o COI e a IAAF viam a FSFI de Milliat como ameaça, e se sentiram obrigados a levar o esporte praticado por mulheres mais a sério. Em 1928, por exemplo, elas tiveram a oportunidade de participar de provas de atletismo nos Jogos Olímpicos pela primeira vez.

Com os movimentos políticos que aconteciam na Europa nos anos 1930 e as entidades como o COI e IAAF tendo maior controle das modalidades para mulheres, a FSFI, que tinha poucos recursos, foi perdendo força e acabou sendo dissolvida em 1936.

* Thaís May Carvalho é mestranda do Programa de Pós-graduação em Ciências da Comunicação da ECA-USP.