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Quem vai salvar o basquete brasileiro

Por Pedro Henrique Silva

São Paulo

O basquete brasileiro sofre. Depois de um desempenho sofrível na Rio 2016, em que nem a seleção masculina nem a feminina sequer passaram da primeira fase, questiona-se o futuro. As mulheres ainda sem vencer nenhum jogo amargaram a lanterna do seu grupo. Os homens, mesmo com uma seleção estrelada que antes da competição começar figurava entre as favoritas ao pódio (pelo menos segundo a imprensa brasileira), permitiram um arremesso no estouro do relógio de Scola sendo derrotada na prorrogação para a Argentina.

Contudo, nem tudo são desastres para os basqueteiros do Brasil. O NBB vai muito bem obrigado, e os clubes brasileiros têm vencido seus compromissos continentais e intercontinentais nos últimos anos de forma convincente. Há mais jogadores daqui na NBA do que nunca, alguns bem jovens como Caboclo. E a liga americana olha para o Brasil com bastante carinho, trazendo jogos e convidando times, sempre na pré-temporada.

As categorias de base dos clubes brasileiros também demonstram força. A liga paulista Sub-13, por exemplo, conta com 18 times e mais de 278 jogadores filiados. Todos disputando o campeonato que dura boa parte do ano. Não são todos os esportes coletivos no Brasil com essa força e há que ser respeitado (a título de comparação o campeonato paulista sub-18 de Vôlei masculino conta atualmente com apenas 11 times).

E é nesse cenário que se insere Jeferson Vieira Cosme. Um atleta do Paulistano da categoria sub-13. Com seu 1,50m, poderia ser considerado baixo demais, mesmo na sua categoria. Mas o esporte o move. O basquete o chamou e ele está buscando seu posto, seu espaço, e quem sabe um dia poder ser LeBron. Comprar “uma pá de tênis”, pois, claro, quer ser um jogador profissional.

Provavelmente, Jeferson não salvará o basquete brasileiro. Mas são jovens como ele que um dia o farão.

Quantas vezes o perguntam todo dia como pode alguém com sua altura jogar basquete? E o que você responde sempre? 

É, muitas, tipo, bastante, toda hora, praticamente. Não exige muito tamanho, é. Tem dois tipos de jogadores. Se você for alto e não saber jogar e, por exemplo, ser baixo e ter um pouco mais de habilidade. É isso que eu penso, que eu falo para todo mundo.

Então você é o baixo com muita habilidade? Tipo isso!

FPB.COM.BR
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Você hoje é o 6º melhor jogador da sua categoria no estado. Sendo que sua média de 11 pontos é a 5ª de São Paulo. Como?

Eu não sei. Ano passado eu fui um jogador bem mais o menos. Terminei com 80 pontos.

Esse ano eu comecei a jogar bem. Comecei a usar a velocidade como arma ora jogar e consegui fazer os pontos.

(Top 6 do Campeonato Paulista Sub-13 2016. Jeferson é o sexto da categoria em total de pontos e o quinto em média. foto: fpb.com
(Top 6 do Campeonato Paulista Sub-13 2016. Jeferson é o sexto da categoria em total de pontos e o quinto em média. foto: fpb.com)

Você acha que a altura atrapalhou ano passado?

Não, acho que eu podia ter feito mais, porque a cesta é baixa. É, 2,30. Eu podia ter feito mais coisas. Sei lá.

Se você pudesse escolher alguém, famoso ou não, que mais o influenciou a jogar basquete? Como ele/a te influenciou?

Acho que não tem muito assim. Eu comecei a conhecer as pessoas famosas assim que jogam depois que eu comecei a jogar. Eu vi pessoas da minha escola jogando. Aí eu me interessei e fui jogar. Um amigo me chamou para jogar. Eu comecei a conhecer pessoas famosas depois.

Quem é seu ídolo no basquete?

Eu gosto bastante do LeBron, mas eu também curto os jogadores antigos. Dominique Wilkins que jogou no Atlanta Hawks. Que dunkava pra caramba. Eu gosto dele.

 

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Dominique Wilkins foto: espn.con

Como você vê o cenário do basquete no Brasil hoje? Desde o desempenho em competições internacionais e o NBB?

Eu sei lá, é bastante limitado. Não tem jogador rápido. Tem bastante jogador com característica eu acho meio bem mais o menos assim. Tem jogador que joga pra caramba. No nível daqui, do Brasil. Mas se fosse ora jogar fora não ia conseguir jogar. É o que eu penso.

Quem você acha que é o melhor jogador brasileiro da atualidade?

Hoje, que eu penso assim, se eu for pensar em idade, tem o Mogi do Paulistano, acho que ano que vem, ou 2019 que ele vai fazer o NBA Draft.

Qual a posição dele?

Ele é 3. É, Small Foward, Ala.

 

(Jogador Mogi do Paulistano. Foto: Fotojump/LNB)
(Jogador Mogi do Paulistano. Foto: Fotojump/LNB)

 

Como você pensa seu futuro? É no basquete?

Não sei. Se for pensar assim que todas as pessoas que estão jogando comigo na federação é bastante disputado.

Você pretende ser jogador de basquete profissionalmente?

Claro. Bastante.

Qual a primeira coisa que você vai fazer quando virar jogador profissional?

Sei lá. Não sei. Não faço a mínima ideia. Comprar uma pá de tênis. Depende de quanto eu estiver recebendo. Se eu tiver recebendo milhões assim. Aí vou comprar um monte de coisa.