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Destaque e determinação, o atleta que se inspira em Michael Phelps

Por: Camilla Freitas, Carla Monteiro e Marina M. Caporrino

Fã de Michael Phelps, o estudante de jornalismo Alexandre Amaral se destaca nas piscinas. Ativo no esporte desde sempre, Alexandre vê na natação a oportunidade de se superar a cada dia e buscar a  excelência no esporte. Confira a entrevista com esse atleta.

Alexandre se concentra para os Jogos Universitários de Comunicação e Artes. Foto: Usina
Alexandre se concentra para os Jogos Universitários de Comunicação e Artes. (Foto: Usina)

 

Há quanto tempo você pratica natação?

Alexandre – Nado desde que me lembro. Minha mãe conta que com poucos meses de idade, ela me botou na natação para bebês, para que eu não tivesse medo da água. A partir dos oito anos de idade comecei uma rotina semanal com o meu pai. Desde lá, nado toda semana, sem falta. Nesses últimos 12 anos só parei durante os meses em que estava com o braço quebrado, mas logo voltei. É uma sensação muito boa.

Desde quando você nada profissionalmente?

Alexandre – Tive a oportunidade de me federar na natação um tempo atrás, mas nenhum atleta pode ser federado em dois esportes ao mesmo tempo. Na época, eu era capitão da seleção de vôlei de Jundiaí, e disputávamos o campeonato estadual, então decidi me federar por lá. Mas sempre continuei competindo pela natação nos campeonatos não federados, a maioria no Ibirapuera. Foi o esporte em que comecei a competir, e o único em que compito sério até hoje.

Foto: Arquivo Pessoal
Foto: Arquivo Pessoal

 

De quantas competições já participou?

Alexandre – Olha, muitas! No meu “auge”, digamos, eu devia competir em umas quinze, vinte competições por ano. Agora só participo das principais, em que sei que há outros competidores mais rápidos do que eu, para que eu dê meu máximo na água. Nadar de igual pra igual com alguém na raia do lado faz toda a diferença para melhorar seu próprio tempo. Devo ter nadado umas seis competições neste ano. Mesmo assim pesa no bolso a inscrição. [risos]

O que te mantem motivado e o que te faz buscar novas marcas/quebrar recordes pessoais?

Alexandre – As pessoas me motivam. As que duvidam de mim me motivam. As que me apoiam, mais ainda. Acho que o esporte, especialmente o espírito olímpico (o evento com maior visibilidade da natação é a Olimpíada, por exemplo) se trata de buscar a excelência. De buscar o melhor que o homem pode ser. Cada um de nós tem um potencial de realizar feitos incríveis. Der ser modelo. De passar valores e provar que podemos ser espetaculares. A natureza não é justa. Existem os que nascem mais altos, mais baixos, fortes e fracos. Mas o esporte é justo. Não importa se você tem talento ou não, se você se esforçar, você vai melhorar. Se esforce um pouco mais do que ontem, e você vai abaixar seu tempo, por menor que a diferença seja. Todo atleta sabe que não são os holofotes que criam os verdadeiros campeões. Eles são forjados através de horas e horas treinando suas habilidades. Através de dor e determinação. Quando ninguém está vendo. Eu quero atingir o máximo que posso ser. Quero dar exemplo.

Qual a competição que mais gostou de nadar? E a que menos gostou?

Alexandre – Lembro de várias, mas nenhuma merece atenção específica. A pior competição é aquela em que você por um motivo ou outro não deu tudo de si na água, e piorou seus tempos. Saio dessas competições me perguntando porque fui nelas, para começar, se não estava a fim. As melhores, quando você sente que fez o que devia. Não precisa nem saber se abaixou o tempo ou não, dá pra sentir essa sensação no momento em que você bate na borda. A alma fica mais leve e dá tesão de nadar. É mais gostoso ainda quando faz um tempo que você não compete e as pessoas que não acompanharam de perto seu treino estraçalhante se surpreendem com o progresso que você fez. É um gosto bom.

O atleta se prepara para nadar os 50 m livres do JUCA. Foto: Carla Monteiro
O atleta se prepara para nadar os 50 m livres do JUCA.  (Foto: Carla Monteiro)

 

Quando ganhou sua primeira medalha? E a última?

Alexandre – A primeira foi na escola ainda. Uma medalha de participação. É de uma mistura de isopor com plástico amarela, com uma estrela de glitter azul toda torta que eu devo ter desenhado. Devo ter ganho mais de cem medalhas depois dela, mas ainda tenho ela. Guardo elas numa caixa de Cookies no meu quarto. A mais recente foi algo como há um mês. Primeiro lugar revezamento absoluto misto no Ibira. Fiz 26 segundos no 50 m livre. Ainda preciso melhorar muito pra atingir minha meta para esse ano. No meu momento da minha “carreira”, a grande pergunta é: Quando vou ganhar a próxima?

Qual seu ídolo na natação? 

Alexandre – Michael Phelps. Que ser humano! Tenho até calafrios na espinha quando ele nada. Aqui a torcida não se trata de nacionalidade. Se trata de reconhecimento e de excelência. Do auge do que podemos atingir! Ele dá tudo de si na água e para mim é o atleta mais completo de todos os tempos. O Phelps tem uma história pessoal bem conturbada. Isso mostra que os esportistas de elite não são deuses do olimpo, eles enfrentam seus problemas e seus obstáculos assim como nós. E como ídolo, consegue superá-los. Não há nada como assistir os 200 metros borboleta ou 400 m medley dele. Fico feliz de poder dizer que acompanhei sua trajetória ao vivo, torcendo. Na última Olimpíada do Rio ele fechou a carreira com chave de ouro. Mostrou do que se trata o esporte; não de medalhas, mas de família. Se recuperou das drogas e do álcool, retomou o relacionamento com o pai, comemorou o filho recém-nascido… E acreditem ele estava na pior, não sabia mais qual o propósito da sua vida até meses antes. Tem uma ótima reportagem da Sports Ilustrated que trata sobre isso. Ele não decidiu voltar por causa de ninguém, mas por ele mesmo. (Talvez um pouco também pelo Boomer, seu filho). Ele sentia que ainda não tinha dedicado tudo de si à natação. Mito. Lenda. Cinco Olimpíadas nas costas, sendo o maior medalhista de todos os tempos. E mais importante, uma pessoa melhor. Esse é o poder de transformação do esporte.