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Em entrevista, medalhistas paralímpicos ressaltam a importância da mídia para o esporte

Atletas agradecem o trabalho dos jornalistas, apesar da baixa cobertura dos jogos paralímpicos.

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Por Natália Belizario

O artigo publicado por Tatiana Hilgemberg em 2014, entitulado “Do coitadinho ao super-herói – Representação social dos atletas paralímpicos na mídia brasileira e portuguesa”, analisou quais eram os papéis atribuídos aos personagens da cobertura esportiva. Em 2008, quando os Jogos Paralímpicos foram sediados em Pequim, 44% dos estereótipos identificados na mídia brasileira eram de “coitadinhos”. Mirando numa mudança de comportamento durante a Rio-2016, o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) lançou um guia de mídia antes do início das competições. Juntamente com a Universidade Federal do Paraná e a Univesity of Kent, localizada na Inglaterra, o CPB elaborou instruções breves para que nem a liberdade dos jornalistas e nem a imagem dos atletas fosse comprometida.

Entre os tópicos do manual estavam orientações que, num primeiro momento, parecem óbvias e fáceis de serem seguidas com base no bom senso: Coloque em primeiro lugar os atletas e não a sua deficiência, deficiência não equivale a sofrimento, priorize os feitos esportivos dos atletas e não as suas deficiências, etc. Ainda assim, esses erros foram frequentemente cometidos durante os Jogos.


Em coletiva de imprensa durante a Rio-2016, Verônica Hipólito (medalhista do atletismo na categoria T38),Gustavo Araujo (medalhista do atletismo na categoria T13) e Evânio Rodrigues (ganhador da única medalha brasileira no halterofilismo, parte da categoria -88kg) declararam em tom uníssono: “Não queremos ser vistos como coitadinhos”. Uma das matérias publicadas pelo jornal “O Globo” após essa coletiva contrariou o pedido dos atletas: na manchete da notícia sobre a medalha de prata de Verônica, o destaque era a sua doença.

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Matéria publicada no jornal impresso “O Globo” no dia 15 de setembro. Foto: Natália Belizario


Apesar dos equívocos cometidos ao longo dos Jogos, tanto Gustavo quanto Verônica agradeceram o trabalho da mídia. “Nós somos uma vírgula no meio de um texto que vocês fazem”, disse o atleta. Verônica, que tinha diante de si sua medalha de bronze nos 400m, disse esperar que o legado da Rio-2016 ultrapasse os locais de competição: “Que isso não fique só aqui. Vocês vão ter um papel talvez muito mais importante do que o nosso. A gente vira a história, vocês mostram a história.”

Justamente por isso, todo cuidado é pouco na hora de traduzir em matérias a história por trás desses grandes competidores. Anos de treino, dedicação e esforço não podem ser colocados à frente daquilo que já foi superado no esporte de alto rendimento: a deficiência. O esporte, em um primeiro momento, pode servir como meio de reabilitação e ressocialização. Na Rio-2016 e em tantas outras competições do esporte paralímpico, a fase de reabilitação já foi superada e a busca por resultados cada vez melhores se dá de maneira igual ao esporte olímpico.