Artigos

Desenvolvimento do Handebol nas universidades e no Brasil.

Entrevista com Arthur Peão por Marco A. Padron Varela Filho, Guilherme Melo Kalil e Matheus Correia Peres.

Arthur Flosi Alexandre Peão, nascido em São Paulo no dia 25/10/1989, sócio do Clube Pinheiros desde criança, começou a jogar Handebol com apenas 8 anos de idade no clube. Estudante de Administração de empresa na Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Ciências Atuarias da Universidade de São Paulo (FEA-USP), hoje divide seu tempo entre ser um atleta profissional, universitário e estudante.

Aproveitando os bons resultados obtidos na modalidade em nível internacional, tanto no masculino, que chegou as quartas de final nas olimpíadas deste ano como no feminino, Campeão Mundial em 2013 e também chegando as quartas nas olimpíadas de 2016, a entrevista visa entender um pouco mais sobre a realidade vivida dos atletas da modalidade no Brasil. Além disso, mostrar como um estudante universitário e atleta profissional consegue conciliar as duas rotinas.

arthur-peao

Arthur nos recebeu em sua faculdade, num período de sua conturbada rotina e respondeu algumas perguntas sobre a situação do handebol profissional no país.

Equipe: Como você enxerga, pelo apoio dado a modalidade, a participação do Handebol Feminino e Masculino no último mundial e nas olimpíadas de 2016?

Peão: Hoje a confederação de handebol esta apenas interessada no sucesso e desenvolvimento dos jogadores que atuam pela seleção brasileira, pudemos ver que a seleção masculina evoluiu muito seu nível, ganhando de times europeus tradicionais. O mesmo vale para o handebol feminino, porém existiu uma falta de renovação de atletas e o técnico confiava muito em algumas jogadoras que estavam voltando de lesão, com isso o time acabou não atingindo uma classificação melhor nas duas competições. Internamente a confederação não incentiva de nenhuma forma os times, o campeonato brasileiro 2016 começou uma semana após o término das Olimpíadas e deve acabar no início de dezembro. Pela primeira vez foi criada uma estrutura de campeonato que inclui times da região norte e nordeste do país, mas as taxas continuam elevadas e os campeonatos de base são mal estruturados, não existe um cronograma para os clubes brasileiros seguirem, as datas de campeonatos e jogos mudam com frequência e sempre existe a incerteza de não ocorrer campeonato no próximo ano.

E: Você acha que a estrutura e a organização dos campeonatos no Brasil são suficientes para impulsionar a modalidade no país?

P: Nem um pouco, existe muita coisa a se melhorar, as altas taxas excluem grande parte dos times, tanto do campeonato brasileiro como no campeonato paulista. Um número que expressa bem o futuro da modalidade masculina é o campeonato Junior, atletas de 18 a 21 anos competem, o campeonato paulista é o maior e maia bem organizado do país, esse ano possui 5 times participando.

E: Em sua opinião, quais são as principais dificuldades enfrentadas pelos atletas de handebol no Brasil?

P: A falta de profissionalismo das entidades responsáveis, não existe nenhum curso pra formar ou desenvolver treinadores no país, os clubes não conseguem se estruturar com a falta de um calendário organizado e que seja seguido, campeonatos das categorias de base duram uma semana, apenas as finais dos campeonatos brasileiros são transmitidos, não existe nenhuma agência de reportagem realmente interessada em divulgar notícias do handebol no país. Se essas medidas básicas fossem tomadas os clubes conseguiriam se organizar, conseguir patrocinadores e contratar jogadores com salários decentes e não apenas uma “ajuda de custo” como oferecem hoje.

E: Quais são as principais dificuldades de conciliar a vida de atleta profissional com a de estudante universitário?

P: A falta de flexibilidade e bom senso do lado do clube e do lado da faculdade, os dois se consideram mais importante que o outro e muitas vezes acabo tendo que fazer um “malabarismo” entre os dois.

E: Pela sua vivência e experiência nos campeonatos universitários de São Paulo, o que falta para tornar esse tipo de campeonato uma base para times profissionais e seleções de base?

P: As entidades nacionais e estaduais poderiam se unir com os campeonatos universitários, formando divisões, existem muitos atletas que jogam em clubes profissionais e estudam, não existe uma grande diferença entre o nível dos times do universitário e dos clubes hoje em dia, apenas 4 times possuem um nível diferenciado no estado de São Paulo.