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Correspondente internacional aos 31 anos, Daniel Gouveia é o repórter do futebol moderno

Em Madrid, o jornalista multifunção cobre os campeonatos nacionais e a Liga dos Campeões da Europa pelo canal Esporte Interativo

por João Ortega, Sidnei Rodrigues de Souza e Vitor Kato

Daniel Gouveia
O repórter Daniel Gouveia em partida da Liga dos Campeões da Europa (foto: Facebook Esporte Interativo)

O futebol moderno cobra de seus profissionais uma versatilidade não tão exigida há algumas décadas. O famigerado “volante moderno” marca e ataca; os “técnicos da nova geração” são mais presentes no dia-a-dia do clube, articulando-se com diretoria, mídia e atletas; os campeonatos europeus são cercados de uma imprensa mundial, munida de tecnologia de ponta para dar ao público as mais completas transmissões por todo e qualquer meio de comunicação.

É nesse contexto que surge Daniel Gouveia, correspondente internacional do canal Esporte Interativo. Aos 31 anos, o repórter “caiu por acaso” na função: quando chegou à empresa que trabalha até hoje, era cinegrafista. Passou pela edição. E por entender e gostar de falar de esportes, começou a aparecer na frente das câmeras. Foi justamente essa multifuncionalidade na cobertura esportiva que permitiu a escolha de Daniel para reportar sobre o futebol mais moderno da terra: Campeonato Espanhol e Liga dos Campeões da Europa.

Daniel, quando você soube que iria se tornar correspondente internacional e morar em Madrid, quais foram as suas expectativas?

Obviamente, eu fiquei muito animado com a chance de trabalhar no melhor torneio de futebol do planeta, com os melhores times e jogadores do mundo. Era a chance de mostrar para nosso público uma cobertura de times da Europa como já fazíamos com os do Brasil, do Nordeste… Meu medo foi largar tudo e vir. Não é fácil deixar tudo e todos para trás e ir em busca de um sonho. Se algo desse errado, eu estaria sozinho. Bate um pouco de insegurança no começo, mas, para quem gosta de desafios, é uma experiência muito boa.

Quais foram as suas percepções da cobertura jornalística em Madrid em relação ao Brasil? Os eventos esportivos são mais organizados aí?

Olha, após a Copa do Mundo, pelo menos em São Paulo, já houve uma melhora na organização dos jogos. O que talvez não exista seja uma conscientização de que este é o jeito certo. Para muitos brasileiros, ainda é “tudo frescura”. Aqui em Madrid tudo funciona sob regras, com um tratamento mais rigoroso. Existem mais pessoas fiscalizando. Em qualquer jogo de Champions League, é preciso ter credencial da UEFA, credencial do jogo específico, colete de imprensa e adesivos em todo o seu equipamento. Caso eu esqueça qualquer item, não entro no estádio. A organização tem o controle de todas as pessoas que estão no campo para trabalhar. Se por acaso alguém estiver no espaço dos câmeras e não estiver gravando nada, é chamado a esperar em outro lugar. Tudo realmente funciona e o tratamento não é amistoso, nem ríspido. Profissional.

A língua espanhola está sendo uma barreira para você? Como contornar este problema ao se comunicar com as pessoas?

A questão da língua é uma barreira para ser quebrada. Com o tempo, vou me adaptando, mas eles têm o jeito deles para falar. Quando percebem que sou estrangeiro, falam de forma mais clara, devagar. Acho que até cheguei com um espanhol melhor do que imaginava. Mas a necessidade de ler, escrever e falar me faz estudar o idioma todos os dias.

Aos 31 anos, você já é correspondente internacional de um dos maiores canais de televisão do país. O que te ajudou a chegar tão longe tão cedo? Quais são as virtudes que um jornalista deve ter para trilhar um rumo vitorioso?

De fato sou jovem para quem está acostumado a ver correspondentes da Globo com muitos e muitos anos de carreira. E, em todos os casos, o que você fez pela empresa conta muito. Eu tenho cinco anos e meio de Esporte Interativo, já fiz cobertura do Mundial de Clubes, Jogos Pan Americanos e Copa do Mundo. Acho que não fui escolhido para nenhum desses eventos por sorte e sim por competência e confiança. Um fator primordial foi a experiência em muitas áreas: não sou apenas um repórter, sou editor, câmera e repórter. Isso conta muito nos dias de hoje. Estamos chegando em um período onde se valoriza muito a multifuncionalidade. Cada vez mais vamos ver pessoas jovens ocupando cargos mais importantes e quem pensar apenas em aparecer na frente da câmera pode perder espaço.

Quais são os próximos passos na sua carreira? O que você pensa para o futuro?

Eu espero que o nosso projeto aqui na Europa traga coisas boas para o Esporte Interativo e para o nosso público, que pela primeira vez assiste a uma cobertura tão intensa de futebol internacional. E, para 2016, quero realizar alguns projetos pessoais. Sou apaixonado pelo formato de documentário, e estou finalizando dois roteiros para gravar aqui na Europa. Outro sonho meu é dar mais espaço para as modalidades olímpicas. Acho que existem formas de divulgar atletas e modalidades sem grandes investimentos. Tenho pensado em um projeto para uma plataforma como o Youtube, isso para depois dos Jogos Olímpicos do Rio. Imagino que muitos esportes estão em evidencia e recebem apoio por conta das olimpíadas no Brasil, mas após os jogos acredito que muitos atletas vão sumir do radar. Seria uma boa oportunidade de mantê-los em foco, pelo menos na internet.