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Softbol: esporte americano da cultura japonesa – Entrevista com Beatriz Sanefuji

Osíris Turim NUSP: 8560897

O softbol (em inglês softball) é uma modalidade esportiva inventada nos Estados Unidos da América por George Hancock em 1887. O esporte surgiu de uma forma irreverente, entre uma brincadeira de amigos, mas foi extremamente importante pois, além de criar um novo esporte, foi importante para surgir como uma alternativa indoor, ou seja, prática dentro de locais cobertos e fechados, para o beisebol. George Hancock era um jornalista e junto com alguns colegas de Yale e Harvard que estavam em um clube de Chicago numa brincadeira despretensiosa criaram os primórdios do softbol. Um dos amigos do grupo tirou uma luva de boxe e a amassou de forma a ficar feito uma bola e a jogou, atravessando a sala, para um outro membro do grupo que, sem pensar duas vezes, rebatou a bola-luva com um taco. Nascia ali o softbol, modalidade muito popular nos EUA, Portugal e no Japão. Hancock de início chamou o esporte de indoor baseball. A modalidade seria praticada num campo reduzido ao de beisebol, fator levado até pela questão da prática ser realizada dentro de um recinto coberto. Mas logo o esporte passou também a ser praticado em campos ao ar livre assim como sua modalidade par.
Visto de longe, o softbol e o beisebol, mas olhando no maior detalhe as modalidades tem grandes diferenças que as distinguem e as tornam tão singulares. A bola já é uma das grandes diferenças. A bola de beisebol tão característica da modalidade tem em média 23cm de circunferência e peso médio de 144g. Já a bola de softbol é bem maior, tem em média 30 cm de circunferência e pesa 190g em média. A forma de arremessa-las também é diferente. No beisebol o arremesso é feito com o movimento feito muito em cima do ombro de forma que a bola sai de cima do ombro e se direciona para baixo. No softbol o movimento é feito de forma muito contrária. A bola é arremessada de baixo para cima, o começo do movimento do arremesso é abaixo da cintura. Os tacos ou bastões também são diferentes, os bastões de de softbol não passam de 80cm de comprimento, o que os torna cerca de 20cm menores que os beisebol e são mais “gordinhos” e tem um formato mais uniforme ao longo do seu comprimento do que se comparados aos bastões de beisebol que são mais finos na base e vão crescendo até a ponta. A duração do jogo também é diferente. No softbol são 7 innings ou entradas para rebater a bola, enquanto no beisebol são 9 períodos. Como já dito anteriormente, o softbol é jogado num campo menor que o beisebol tanto que as distâncias entre as bases no softbol são em média 14m. Já no beisebol são de mais de 27m.
O jogo se desenvolve em períodos alternados de ataque e defesa e cada dupla de ataque/defesa denomina-se innings. A função da defesa é expulsar 3 batedores, arremessando a bola de forma que o batedor não consiga devolver o arremesso e protegendo suas bases. O time que está atacando ou rebatendo tem 3 jogadores para rebater por inning e cada rebatedor tem 3 chances para rebater a bola. Caso ele não rebata, ele recebe um strike. No terceiro strike ou strike-out, o atacante está fora. Ao rebater a bola, o atacante deve soltar seu bastão e correr até a próxima base até que a bola volte ao pitcher, o arremessador do time que está defendendo. Esse intervalo de tempo entre a viagem da bola rebatida e a recuperação da bola pelo time de defesa e devolução ao pitcher é o tempo que o time de ataque tem para atravessar as 4 bases do campo de beisebol e assim chegar a marcar um ponto. Se a bola voltar ao pitcher e o jogador de ataque estiver no caminho entre uma base e outra está expulso do período também. Ganha o time que ao longo dos 7 innings marcar mais pontos, ou seja, ter mais corridas pelas 4 bases do campo.
Tanto o softbol quanto o beisebol sempre foram esportes muitos populares no Japão. Sendo hoje o beisebol o esporte mais popular entre os japoneses. Essa popularidade da modalidade na cultura japonesa é tão grande que, atualmente, no Brasil, são as colônias japonesas as formentadoras dessas modalidades no país. Esse fato é tamanho que dentro do esporte universitário, os times de beisebol e softbol são formados em suma maioria por orientais ou descendentes de orientais. Para nos contar um pouco sobre a prática da modalidade no Brasil e no circuito universitário iremos falar com Beatriz Sanefuji, 21 anos, estudante de Graduação em Administração pela FEA-USP. A Bia ou Fofa, como é mais chamada pela suas colegas de time, pratica softbol desde sua infância e hoje usa seus talentos no esporte para conquistar títulos pelo time da FEA-USP.
BJE: Você começou a jogar quando Softbol? Jogava por algum clube?
BS:Eu não sei certinho, eu comecei com uns 6/7 mas os pro campo desde neném pq minhas irmãs jogavam tbm! Eu jogava no time de Guarulhos
BJE: Conte para nós a sua maior conquista no esporte antes da FEA ou algum momento que tenha te marcado no esporte.
BS:Minha maior conquista foi em 2011, quando o time de Guarulhos juntou com o do Gecebs (que já era junto com o Giants) e formamos o que a gente chamava de 3G. Nesse ano a gente foi campeão dos 2 campeonatos mais importantes do ano, que são o Taça Brasil e o Campeonato Brasileiro (os dois são campeonatos que os time do Paraná e São Paulo todo jogam). Foi meio que meu ano de despedida do softbol, porque depois disso eu parei, mas foi um dos melhores anos pra mim.
Ahhh, outro momento marcante pra mim foi quando eu fui pela primeira vez pra seleção! Era sub14 e o campeonato foi em Lima no Peru. Não tinha sido um campeonato grande nem nada, mas me marcou muito porque né seleção, mas principalmente pelas amizades que eu fiz lá.
BJE: Quando você entrou na FEA- USP já sabia que a Faculdade tinha time de um softbol? Estava animada em virar atleta universitária ou começou a jogar mais por pressão social?
BS:Eu já sabia sim, porque a minha irmã mais velha tinha feito fea e jogou nos primeiros 2 anos da graduação dela, eu acho.. Antes de entrar, de fazer vestibular e tal eu até tava um pouco ansiosa, porque eu queria matar a saudade do esporte! Só que quando eu jogava softbol em clube, eu não amaaaava o esporte sabe? Então eu sempre queria parar e jogava mais por obrigação, cobrança dos técnicos, das jogadores etc. Então na faculdade eu acabei indo pro primeiro treino e matei a saudade já e nem queria mais (riu muito nesse momento). Mas por insistência das meninas – “grazadeus”- eu continuei indo pros treinos e acabei, na real, me apaixonando mesmo é pelo time. Eu ia total por causa das meninas que, por muita sorte, eu me entrosei bem. Com o tempo, isso é algo mais atual, eu comecei a pegar gosto pelo esporte em si. Acho que pela primeira vez em muito tempo ou até mesmo pela primeira vez eu sinto que eu não tô lá só pelas meninas e pelo pessoal do beisebol, é pelo softbol também!
Obs.: Na FEA-USP, as modalidades Beisebol e Softbol são muito próximas. Não só pelo fato de os dois times terem uma maioria oriental, mas muito se deve também ao fato que os times tem muitos irmãos e irmãs que jogam e muitos já se conheciam de antes da faculdade, eram amigos de colégio, colegas de clube ou igreja e/ou parceiros de time.
BJE: O esporte universitário superou suas expectativas? se sim ou não, em quais sentidos?
BS: No ano de bixete eu acho que superou pelo fato de que eu não fazia ideia de que as meninas eram tão boas. Eu achava que quase todas já tinham treinado em clube porque a técnica delas era muito boa pra ter sido aprendida só na faculdade. Ai fiquei meio “eita”, surpresa mesmo com o talento delas. Mas assim, no InterUSP (competição esportiva que a FEA-USP participa e conta com as principais Atléticas da USP) no meu primeiro ano eu não sentia de verdaaade Essa coisa toda de “Raça Fea” sabe? Eu não entendia de verdade a importância do InterUSP e em 2014 a med (Medicina USP – Pinheiros) não participou né, então conseguimos ser campeãs com um só jogo que foi apertado contra a Poli (Escola Politécnica – USP) e foi meio que mais tranquilo. Mas aí nos anos seguintes que a Med apareceu e a gente começou a tomar pau, ou até chegava perto de ganhar, mas nunca dava. Então você, com o passar do tempo, começa a sentir mesmo o que é representar a FEA-USP em campo. Eu comecei a ficar cada vez mais “pilhada” e eu acho que do ano passado para esse ano as minhas expectativas que eu tinha quando era bixete foram super superadas! Eu claramente amo jogar softbol na faculdade, coisa que eu nunca senti quando jogava em clube. Acho que supera as minhas expectativas, e sempre superou, no sentido do time ser uma família, é óbvio que passamos alguns perrengues, às vezes a gente dá aquelas capengadas, mas 2014 eu senti muito isso e agora eu estou sentindo de novo. A gente joga uma pelo outra e torce uma pelo outra e eu acho isso lindo!
BJE: O que você mais gosta no seu esporte e/ou no seu time?
BS: Puts, acho que primeiro de tudo é jogar com as meninas! E de tentar a cada treino melhorar as bixetes (calouras das faculdade) pra elas chegarem no nível que as minhas veteranas de 2014 chegaram! Estar em campo com todas elas é maravilhoso, com o Bizu (técnico do time) também, que é tipo um “paizão” de todas nós é que está sempre com a gente. Em jogo, em “role”, em festa. No esporte, em si, eu não sei na verdade, é meio que um desafio sempre, parece que você treina e nunca consegue chegar no nível perfeito entende? (riu, mas parecia estar nervosa). Porém, mesmo com o sol, aa canseira e tudo mais, eu gosto de estar em campo com as meninas treinando!
BJE :O que você diria para quem tá entrando hoje no time de softbol em alguma faculdade?
BS: Pra se jogar e ir sem medo!! Vai e se não gostar muito ou se não ter certeza se quer mesmo ou não, dá uma “insistidinha” que vale muito a pena!! Pra dar uma chance pra gente porque, por mais que seja um esporte confuso e difícil de aprender, é gratificante demais! Ser parte de um time e sentir que vai levar esse time pra vida é muito gostoso. O esporte acho que pra quem começa é “gostosinho” e conforme o tempo que você vai pegando a prática, as regras, fica melhor ainda! E a gente sempre está lá pra dar um apoio e ensinar tudo.

Fonte: Arquivo pessoal da Beatriz Sanefuji. Foto do time de Softbol da FEA-USP comemorando o título do InterUSP 2017 em São Carlos – SP. Beatriz é a primeira agachada da esquerda para direita
Contato: osiris.turim@gmail.com
Bibliografia:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Softbol

Softbol – História, Regras básicas e fotos


https://pt.wikipedia.org/wiki/Compara%C3%A7%C3%A3o_entre_beisebol_e_softbol