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A descoberta do Stand Up Paddle Surfing no Brasil

Por Fernanda Palma Callejas Rodrigues

Alexandre Levorin no CEPE USP

 

O esporte moderno Stand Up Paddle Surfing ou remo em pé (REP), como é conhecido no Brasil, teve origem nas ilhas havaianas no início de 1960, com os Beach Boys de Waikiki, que ficavam em pé nas suas longas pranchas remando com suas pás para fotografar os turistas que estavam aprendendo a surfar. O Stand Up Paddle Surfing (SUP) é um dos esportes que mais crescem no mundo e Atletas internacionais como Laird Hamilton, Gerry Lopez, Dave Kalama e Robbie Naish são grandes responsáveis por difundir o esporte nos anos 90 e popularizá-lo até os dias de hoje.

Este esporte consiste em ficar de pé em uma prancha levemente inclinada e remar com uma pá para se mover sobre as águas, ele pode ser praticado tanto no mar quanto em rios e represas, também é considerado um esporte inclusivo, já que pode ser praticado por mulheres, homens, crianças, de qualquer idade e sem qualquer preparação física. O SUP é um esporte completo, lúdico e que permite um contato com a natureza como poucos, é visto como uma ótima atividade de lazer, principalmente no verão.

No Brasil, o Stand Up Paddle Surfing chegou por intermédio de dois surfistas: Jorge Pacelli e Haroldo Ambrósio, os quais trouxeram para o país equipamentos mais modernos para essa prática esportiva. A partir desse momento, o interesse pelo esporte foi crescendo e ele logo se tornou febre, praticado em praias do Rio de Janeiro, São Paulo, no Sul do país, lagos e rios em Brasília e, mais recentemente, no Nordeste brasileiro. O litoral brasileiro é perfeito para a prática, por ser extenso e apresentar águas limpas, também há no país muitos rios e represas que podem ser utilizados.

O entrevistado Alexandre Levorin, de 51 anos é um empresário que presta serviços para cervejarias e é praticante desse esporte há 12 anos pelo Clube Paulistano, ele utiliza o horário de almoço para praticar três vezes por semana na raia olímpica do Centro de Práticas Esportivas da USP (CEPE USP), bem no meio da cidade de São Paulo. De acordo com ele: “As pessoas não fazem ideia de como existem lugares fascinantes para prática do SUP, e eles podem estar muito próximos, usar uma prancha para deslizar sobre as aguas não é mais privilégio de quem mora na praia”.

Alexandre já participou de diversas competições nacionais de internacionais e sua melhor colocação foi 3° lugar no Campeonato Brasileiro de Stand Up na categoria 40 mais, para ele as competições são uma forma de estar sempre buscando melhorar e se desenvolver e, apesar de ser um esporte individual, há modalidades de revezamento, semelhantes à natação, onde até 4 atletas participam do mesmo circuito. Além disso, o Alexandre diz que a prática do SUP o ajudou a manter a vitalidade e desenvolver um novo estilo de vida, passando s aproveitar um tempo ao ar livre durante a semana e incentivando-o a manter uma alimentação mais regrada.

BJE: Como você começou a praticar o Stand Up Paddle Surfing?
Alexandre Levorin: Há aproximadamente quinze anos eu comecei a praticar canoa havaiana, a partir do contato com esse mundo dos esportes aquáticos eu conheci o SUP e me apaixonei, comecei a praticar e nunca mais parei. Como era um esporte recente aqui no Brasil, a prática era um pouco limitada e para começar efetivamente a participar de competições e treinar com mais frequência aqui na cidade de São Paulo eu me associei ao Clube Paulistano e passei a treinar na raia do CEPE USP, um dos poucos locais autorizados a receber treinos aqui na cidade. Aos finais de semana, costumo viajar para a praia para treinar no mar, já que a correnteza e as ondas modificam um pouco a forma de remar.

BJE: Quais os benefícios que o SUP pode proporcionar a quem o pratica com frequência?
Alexandre Levorin: Eu acredito que o SUP é um esporte que melhora muito o condicionamento físico, uma vez que ao remar de pé você trabalha diversas parte do corpo, o tronco e os braços são exercitados na remada enquanto as pernas são trabalhadas para manter o equilíbrio em cima da prancha. Além disso, realizar atividade física várias vezes na semana faz bem à saúde, melhora a vitalidade e previne diversas doenças da mente e do corpo. Pessoalmente posso dizer que o SUP me ajudou a mudar para um estilo de vida mais saudável, ser mais preocupado com a alimentação e com a forma como utilizo meu tempo, já que antes eu passava todo o dia sentado em um escritório e agora com as pausas no meu dia para treinar eu vejo a vida de outra forma e passei a valorizar as coisas mais simples e buscar o equilíbrio entre corpo e mente.

BJE: Você acredita que o SUP tem potencial de crescimento como esporte profissional aqui no Brasil?
Alexandre Levorin: Pelo mundo o SUP é bastante difundido como esporte, aqui no Brasil a sua prática acaba sendo muito relacionada ao lazer e ao período do verão, nessa época as praias normalmente estão lotadas de pessoas que alugam equipamentos para treinar, porém quando chegam os meses de abril/maio as praias se esvaziam e as pessoas de certa forma perdem o entusiasmo em praticá-lo, talvez por sentir a dificuldade de remar em pé e sozinhas. O Brasil no geral não é um país com grandes incentivos governamentais às práticas esportivas, há poucos locais de treinamento de SUP nas cidades e eles normalmente são de difícil acesso, os atletas também são pouco valorizados e tem problemas para conseguir patrocínio, esse é mais um dos empecilhos para que ele se consolide como um esporte profissional aqui no país.

BJE: Quais são as grandes diferenças entre a prática em águas abertas (mar) e em locais de água parada? Há competições nestes dois formatos?
Alexandre Levorin: Eu particularmente só pratico aqui na raia por morar longe do mar, já que aqui a água é muito parada, não há corrente nem ondas, o que acaba exigindo menos esforço na hora de remar e se equilibrar, acredito que esta seja a principal diferença entre os dois formatos de praticar o SUP. Além disso, no mar a prancha consegue deslizar com muito mais rapidez, então para competições de velocidade é preferível a realização nesse local, já competições menores para iniciantes costumam ser realizadas em locais de água parada, como a represa de Guarapiranga.

BJE: Você tem ídolos nacionais e internacionais de SUP? E você se vê como um ídolo para alguém?
Alexandre Levorin: Meus ídolos nacionais de SUP são o Luiz Guida Animal que é tetra campeão brasileiro e inclusive é meu amigo e treinava aqui na raia também, mas agora mora em Ubatuba e se dedica mais ao esporte e surgiu também um menino de apenas 17 anos chamado Guilherme dos Reis que vive em Ilhabela e tem ganhado muitas competições ultimamente. Internacionalmente posso dizer que tenho vários ídolos, o mais expoente hoje em dia chama Connor Baxter, tem 24 anos, vive em Maui no Havai e está ganhando a maior parte das competições internacionais.

BJE: Por fim, qual dica você daria a alguém que quer iniciar os treinos nessa modalidade com o objetivo de se exercitar e talvez até competir um dia?
Alexandre Levorin: Caso ela seja aqui de São Paulo, há poucos locais de treinamento disponíveis para essa modalidade, o Clube Raia é a principal opção onde você pode se inscrever, há professores que te auxiliam e equipamento disponível. Em cidades litorâneas o número de clubes que oferecem esse tipo de serviço é maior e é mais interessante, pois, o treinamento é realizado diretamente no mar. Outra dica importante é ter paciência, não é um esporte tão simples de ser praticado pois cansa bastante remar de pé e as vezes o próprio equilíbrio necessário traz certa dificuldade, que não seria encontrada na prática da canoagem havaiana por exemplo, porém depois que a pessoa conseguiu superar esses problemas iniciais, é um dos esportes mais relaxantes e divertidos de se praticar, além de queimar muitas calorias e deixar o corpo em forma. Por fim, posso dizer que para ter a força necessária para remar, é importante ter uma alimentação balanceada, se alimentar antes dos treinos com frutas e tomar bastante água.

Email para contato: Fernanda.palma.rodrigues@usp.br