E Piraju acorda com a voz de Marquinhos Fernandes
Por Isabella Marin *
Enquanto a maioria dorme, alguns já estão nas ruas começando mais um dia de trabalho. Na ativa desde cedo, Marcos Fernandes já se encontra à procura da informação e de entregar a notícia pronta ao cidadão pirajuense.
Jornalista e apaixonado pelo ramo desde criança, o comunicador de 48 anos é filho do conhecido Antonio Fernandes Alves (Toninho Geladeira, in memorian) e de Maria José Lopes Fernandes. Natural de Piraju, Marcos Antonio Fernandes Alves é casado com Simone de Souza Mocinho Fernandes e se registrou como jornalista em 2014.
Mas sua carreira começou muito antes disso. Quando pequeno, sua vontade era ser locutor de rádio. Ouvir as principais estações e, principalmente, o programa de Gil Gomes era o que fazia seus olhos brilharem. O destino fez com que esse sonho se realizasse, tornando-se um grande jornalista na cidade interiorana. Assim como o programa de Gil Gomes, Marcos adorava histórias policiais e virou um especialista neste tipo de cobertura.
O desejo de seu pai era que seguisse sua profissão e assumisse a oficina de refrigeração. Mesmo tentando, não era o que realmente queria. Na oficina, gostava de brincar de fazer reportagens, empunhando qualquer tipo de ferramenta para “fazer de conta” que era um microfone. Observando o sonho do garoto, muitas pessoas o ajudaram a tornar realidade. Uma delas foi Mauro Meneguela, um colaborador da oficina de seu pai, que deu a ele seu primeiro microfone. A outra, e muito importante, foi sua própria mãe, que sempre esteve muito presente durante toda essa caminhada.
“Minha mãe comprou um rádio PX e passei a conversar com caminhoneiros. Aos 15 anos montei uma estação de rádio pirata, que transmitia meu programa no Restaurante São Pedro, onde aos finais de semana ajudava os garçons. Minha mãe, dona Maria José, pediu para os radialistas Wilson de Souza Oliveira e Nelson Meira darem uma oportunidade [a mim] e foi aos 16 anos que consegui entrar na Rádio Piratininga de Piraju”, conta o jornalista. Nessa rádio, assumiu a vaga de recepcionista/atendente de telefone, onde aprendeu a operar som. Foi nesse lugar também que começou a cobrir folgas de alguns dos empregados do local e a participar de programas com reportagens policiais.
E, assim, Marquinhos Fernandes despertou a atenção e interesse dos ouvintes e também da direção da rádio. “Meu diferencial é que, como sempre dormi e acordei cedo, corro atrás das notícias durante as madrugadas, passando a informação da área policial, rodovias e velório municipal cedinho”. Para isso, ele também contou com a ajuda de grandes colegas, como o próprio Nelson Meira e o professor Benedito Barone.
Atualmente, trabalha há mais de 15 anos na Rádio Paranapanema, apresentando dois noticiários: um às seis da manhã e outro ao meio-dia. Seu trabalho não se resume somente a isso. Diariamente, cobre outros assuntos em suas redes sociais pessoais, atento a todas as notícias 24 horas por dia.
Além disso, Marcos também trabalha com sonorização e realizou diversas colaborações com jornais da cidade, como o Diário do Vale (Faustão), Folha de Piraju e Observador. Na década de 90, comandou o som na praça, chamado de Publisom, com o auxílio de colaboradores e também o som no Terminal Rodoviário. Com o tempo, adquiriu vários instrumentos de som e atua com sonorização de grandes eventos do município.
Organizou, ainda, eventos importantes na cidade. Alguns deles foram a exposição “Brasil 500 anos” (maio/2000), com peças que marcaram o descobrimento, exposição sobre Revolução Constitucionalista de 32 (2001), shows infantis com personagens da TV por anos na região e muitos outros. Teve a iniciativa da Festa da Pipoca, em 1996, que perdurou por mais de 15 anos, com arrecadação da comunidade, apresentação de artistas locais, comes e bebes, e muita diversão. Assumiu como assessor de imprensa da prefeitura em diversos mandatos, como na administração de Francisco Rodrigues (o conhecido Chico Pipoca), assim como no do médico Dr. Jair Félix Damato e do atual prefeito José Maria Costa.
Marcos conta que nem sempre foi fácil e existiram algumas dificuldades em seu caminho. Como sua cobertura é muito focada em assuntos policiais, é preciso ter muita cautela ao publicar os dados e informações desses casos. Segundo ele, antigamente era possível divulgar todas as informações de um boletim de ocorrência, algo que não acontece mais.
Outros desafios também surgiram nesse percurso. Ele relembra um episódio que ocorreu certa vez ao noticiar a retirada de um corpo do Rio Paranapanema. “Ajudei a polícia e os bombeiros a transportar um caixão com o morto e no trajeto toda a água do caixão caiu em mim, ficando um cheiro horrível. Mesmo assim, depois de colocar o corpo no carro da funerária, fui para a Rádio passar a notícia. Meus amigos não ficaram perto pelo cheiro”, comenta.
Apesar dos obstáculos, ele se consagrou um grande nome do jornalismo na cidade. E hoje, mantém um acervo em sua casa. Todos os anos na rádio comunicando ao povo as notícias desde cedo rendeu, não apenas uma admirável carreira, mas uma paixão para cuidar e, por que não, guardar?
Câmeras, máquinas de escrever, televisões, transmissores de áudio. São muitas as ferramentas que um comunicador utiliza para falar com seu público. Todas essas máquinas tomaram um cantinho especial na casa do jornalista, que os guardou carinhosamente. Ao longo de todo esse tempo, Fernandes armazenou um verdadeiro museu do rádio. Confira um pouco de tudo que o jornalista guarda:
[Imagem: Arquivo Pessoal/Marcos Fernandes]
Segundo Marcos, a ideia é de um dia expandir e liberar o acesso a outras pessoas. “O objetivo é realizar exposições e contar a história da comunicação levando nas escolas, na região”, conta. Atualmente, o acervo está situado em dois espaços reservados em sua casa. Com tantos anos trabalhando no ramo, passou a guardar aqueles aparelhos que precisavam ser substituídos, dando início ao museu.
[Imagem: Arquivo Pessoal/Marcos Fernandes]
Para finalizar, conversamos com algumas pessoas e elas deixaram mensagens especiais para o jornalista Marcos Fernandes. Confira os depoimentos!
Começamos a namorar em 1993 e oito anos depois casamos. Hoje são 28 anos de feliz união. Foram oito anos para construirmos juntos nossa casinha em terreno doado pelos pais de Marcos, uma luta que através do salário da Rádio (que no interior não é muito), eventos realizados (exposições, sonorização, apresentações, até foi palhaço de criança), a recompensa com honestidade veio, levantamos nosso valorizado lar. Nessa luta diária admiro meu esposo pela sua capacidade, energia, agradecendo a Deus pelo dom que lhe concedeu, seu talento e humildade, desempenhando suas reportagens com facilidade, coragem e sem hora para correr atrás da notícia. Acostumei a dormir com o barulho do rádio comunicador, agora celular, ligado para receber as mensagens/chamadas. Ele não tem hora para dormir e levantar (acostumou dormir cedo, mas nem sempre consegue, sempre acordou antes das três horas da madrugada). Até os vizinhos já acostumaram com o barulho da moto, portão de madrugada. Em casa, ele não comenta nada sobre as notícias, fala de outros assuntos, menos no que aconteceu. Tenho que acompanhar/ler suas reportagens porque ele não comenta em casa, muitas amigas perguntam detalhes sobre o ocorrido e eu não sei (risos), somente o que foi publicado. Na assessoria de imprensa da prefeitura, ele também é sempre responsável e dedicado. Como não temos filhos, nosso lazer é visitar cidades da região, sempre atrás de antiguidades, lembrancinhas e peças diferentes. Ele ama a família, seu trabalho e o município de Piraju.
Simone de Souza Mocinho Fernandes, esposa de Marcos
Áudio de Natal Mendes, colega de trabalho do Marcos Fernandes
Marcos Fernandes. O que falar deste comunicador? Desde pequena, quando meus pais ligavam pela manhã o rádio para ouvir as notícias com o repórter Marquinhos Fernandes (como é conhecido). Lembro que sempre meu pai falava: “Vamos saber o que aconteceu durante a noite em nossa cidade e região”. Marcos Fernandes, um comunicador que não dorme, como todos sabem. Ele, às 02:00 horas da madrugada, já está com sua motinha pelas ruas da cidade, passando pelo plantão do hospital e pelo velório para nos dar notícia no amanhecer do dia. Notícias boas e também notícias ruins. Marcos Fernandes também foi idealizador de vários eventos em nosso município, como a tradicional festa da pipoca, que acontecia na praça Ataliba Leonel, eventos como exposições de fotografia, 9 de julho, revolução de 32 com sua caminhada, comemoração com a limpeza do Rio Paranapanema entre outros. Sempre com sua determinação em mostrar fatos recentes e históricos em nosso município. Marcos Fernandes também tem seu lado social, de ajudar as pessoas e amigos, sem muitos nem saberem, tenho como testemunho isso presencialmente, agradecendo pela amizade pessoal e no trabalho.
Ana Rainho, colega de trabalho na Rádio Paranapanema
Escute o programa de Marquinhos e aprecie seu trabalho em:
Rádio Paranapanema FM 99,1
Ouça agora mesmo: https://www.radioparanapanema.com.br/
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Confira também um programa do ‘Operação Cidade’:
Isabella Marin é repórter e bolsista do projeto “Registro da Memória e do Turismo na Estância Turística de Piraju: desenvolvimento das habilidades comunicacionais no ensino fundamental I e II” do Programa USP MUNICÍPIO
Bela história do radialista e do rádio. Parabéns Marquinhos!