A Base do Teto
A base do teto desaba, seja ao contrário ou não.
O mesmo final, desmoronamento.
Soterrados pela santa ignorância, nos abençoe para mais desgraça.
Enquanto o mundo acaba em veneno destilado.
E deste lado os urubus espreitam buscando a nossa podre carne, que por mais que respire, ainda é muito poooooooouco. Ou até demais para se preocupar com o pó que vamos se tornar. É carbono. Mas antes ainda haverá carne. Suficiente para alimentar um milhão de vidas abaixo de nós.
Então nada vale o suor e o sangue derramado atoa. E a base do teto desaba.
Ao redor, nem os mais espertos conseguem prever todo esse fenômeno.
Se fosse natural, não era um sopro de enxofre que derrubaria essa pirâmide de cartas. E nem uma pedra mal colocada nos muros de Jericó. E se Roma tivesse um sistema de bombeiros para impedir a loucura de Nero? Ainda desaba. Pois a base não pode segurar o peso de tanta burrice acumulada.
Essa bênção na verdade é a corrente maligna do medo de vencer. E os grilhões são
sua santa que lhe conforta no abismo social.
* Pasqualin é escritor e ativista cultural